SJ saúda reforço do jornalismo com novo consórcio português de investigação

O Sindicato dos Jornalistas saúda o reforço do jornalismo de investigação em Portugal, com a chegada do Consórcio — Rede de Jornalistas de Investigação. A primeira reportagem de grupo, corporizado por profissionais da SIC, do Expresso, Setenta e Quatro, freelancers e docentes universitários, denuncia ameaças e comportamentos racistas e xenófobos de polícias em grupos nas redes sociais.

Esta reportagem, que deu origem a processos de investigação entre as próprias polícias, através do IGAI, e da justiça portuguesa, com a PGR a anunciar a abertura de um inquérito, sublinha a importância do jornalismo, como um todo, para a construção de uma sociedade melhor e fundamental para a saúde da democracia.

O SJ reconhecendo a importância do jornalismo de investigação, cada vez mais difícil de fazer num contexto de desinvestimento generalizado nos media, saúda este novo projeto como um incremento muito bem-vindo ao jornalismo chamado mainstream, aquele que no dia a dia faz o escrutínio dos poderes e zela pela vigilância e denúncia dos abusos, sejam de ordem política, laboral ou judicial. Mesmo num contexto de desinvestimento por parte dos patrões, de crise financeira e de continuado emagrecimento das redações, retirando gente (e tempo) à nobre e essencial tarefa que é a nossa profissão, diariamente milhares de jornalistas cumprem com grande dignidade a missão, constitucionalmente garantida, de garantir o dever de informar e ser informado.

Elogiado amiúde e tantas vezes considerado pelos políticos como “um pilar da democracia”, o jornalismo continua a ser um parente pobre para a nossa sociedade civil, negligenciado pelo Governo nos últimos anos. A comunicação social foi o único setor de atividade em Portugal que não teve qualquer apoio direto durante a pandemia, uma época em que a retração económica levou ao abrandamento das receitas publicitárias e um tempo marcado pelo fecho de cafés e pontos de venda, que afetou irremediavelmente a venda de jornais e revistas em papel, que são, ainda hoje, fator importante de identidade nacional.

O único apoio que teve o setor, convém explicar uma vez mais, foi a majoração em 20% do valor orçamentado em publicidade institucional, para 2020, que passou de 12,5 para 15 milhões de euros. Dinheiro que começou a chegar aos órgãos de comunicação social no fim do verão, mais de seis meses após o confinamento, e que não consubstanciou qualquer apoio extraordinário, uma vez que o grosso da verba estava incluída no Orçamento do Estado para 2020, aprovado meses antes, ainda antes de se pensar que haveria uma pandemia.

O SJ tem lutado pela salvaguarda e melhoria da profissão, apresentando medidas concretas, enviadas, ano após ano, ao Governo, às instituições do setor e a todos os partidos com assento parlamentar, com o intuito, e a esperança, de que possam ter acolhimento em sede de Orçamento do Estado. Algumas das propostas, como é o caso de um voucher para a compra de jornais ou revistas de informação ou da inclusão das despesas com informação nas deduções do IRS, que têm encontrado respaldo em alguns partidos políticos, seriam particularmente importantes num momento de crise agravada, para as famílias portuguesas, entre as quais estão as dos jornalistas, com tantos camaradas sem atualizações salariais há décadas e muitos a viverem em situações de precariedade financeira e laboral.

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