Solução para a TiN deve garantir postos de trabalho e direitos adquiridos

Esta semana, ficou completo o despedimento coletivo na Trust in News, anunciado em julho, com a entrega de documentos para o Fundo de Desemprego aos trabalhadores mais antigos da empresa. Uma página lamentável, num processo doloroso que o Sindicato dos Jornalistas acompanha há anos, procurando apoiar os trabalhadores. Após o incumprimento das sucessivas promessas do ex-gestor e administrador, Luís Delgado, os atrasos nos pagamentos de salários e o processo em tribunal que determinou a insolvência da empresa, consuma-se o fim da TiN, com que 16 títulos podem desaparecer do panorama mediático nacional, cada vez mais pobre e fechado.
Ainda há, no entanto, alguma esperança para salvar os títulos e postos de trabalho. O “Jornal de Letras” e a “Visão” têm propostas de compra, que partiram do diretor do primeiro, José Carlos Vasconcelos, e de um grupo de 15 jornalistas no segundo. O Sindicato dos Jornalistas considera preferível a gestão de órgãos de comunicação social por jornalistas, sendo necessário garantir a viabilidade económica das publicações para assegurar a manutenção e reforço de cada redação. É importante que a Segurança Social e a Autoridade Tributária retirem a exigência de uma dispendiosa e morosa avaliação prévia antes da venda judicial dos títulos.
Na última sessão em tribunal, o empresário Armando Batista fez uma proposta de compra da “Visão”, por 100 mil euros, que supera a oferta de 40 mil euros apresentada pelo grupo de jornalistas do título, a quem o SJ ofereceu apoio logístico, administrativo e jurídico, por entender os benefícios de um projeto de jornalismo dirigido por jornalistas. A “solução” de Armando Batista não assegura a manutenção de todos os 19 postos de trabalho atuais na “Visão”, muito menos o desejável reforço da redação com o regresso daqueles que suspenderam os contratos para poderem sobreviver a vários meses de salários em atraso. Segundo declarações públicas do proponente, prevê o fim da edição em papel, transformando a revista em mais um site, descurando a importância deste suporte que para muitos se mantém a melhor forma de consumir informação.
O SJ está, como sempre esteve, ao lado de soluções que preservem postos de trabalho de jornalistas, que salvaguardem a diversidade e a pluralidade de títulos, considerando fundamental salvar não apenas a “Visão” como os outros títulos da moribunda TiN. Nunca o SJ poderia defender soluções que não só querem encurtar redações como defendem modelos de futuro que esqueçam os direitos adquiridos pelos trabalhadores, que estão em funções ou que tiveram de deixar de fazer o que gostam apenas porque não tinham meios de subsistência.

O SJ lamenta, também, a indiferença de grande parte da sociedade e o silêncio dos políticos. Não deixa de ser curioso, num país que distribuiu dinheiro a toda e qualquer área de negócio, que a Comunicação Social, que entendemos fundamental numa sociedade democrática, tenha pouco mais que medidas pífias de apoio público prometidas, que mal saíram do papel. Apoiar o jornalismo é defender a democracia, é suportar uma sociedade mais justa e digna e deve ser um imperativo nacional, da sociedade e do Governo.

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