SJ associa-se às federações internacionais na condenação das agressões e sequestros de jornalistas

Mais de 500 jornalistas estão atualmente encarcerados em todo o Mundo; são 518 vozes silenciadas pelas grades, num ano em que 58 jornalistas foram mortos em serviço ou em atentados. Nos últimos 20 anos, mais de dois mil jornalistas morreram no exercício da profissão, em serviço em zonas de conflito ou assassinados às mãos de cartéis de droga ou governantes corruptos. Milhares de jornalistas são ameaçados todos os dias nas redes sociais, com ecos na vida real.

Este retrato tem caras, tem nomes, é feito de vidas ameaçadas e outras já perdidas. Nos últimos tempos, vários casos ilustram o perigo em que estão os profissionais da informação. Atento a este fenómeno, que perpassa um pouco por todo o Mundo, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) associa-se às preocupações da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e das federações internacional e europeia de jornalistas.

Por questões de proximidade histórica, cultural, geográfica ou, simplesmente, de dignidade humana, elencamos cinco casos que nos merecem atenção, tantos, infelizmente, que ameaçam a nossa profissão e a vida de tantos camaradas nossos.

1 – O Sindicato dos Jornalistas denuncia o roubo de equipamento informático na sede do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) e as mensagens ameaçadoras feitas ao presidente daquele organismo, Teixeira Cândido, considerando que se trata de uma tentativa de intimidação e controlo da atividade dos jornalistas de Angola. Temos laços com este país e conhecimento das dificuldades para o exercício do Jornalismo em Angola, por isso instamos as autoridades angolanas a respeitarem a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa e os direitos dos jornalistas a trabalhar em condições de dignidade, liberdade e segurança. Exortamos, ainda, as autoridades policiais a investigarem cabalmente o furto e as ameaças denunciadas pelos nossos camaradas angolanos.

2 – Em face da proximidade histórica de Portugal com Inglaterra, não podemos deixar de recordar, lamentando profundamente, o ataque de que foi vítima o jornalista da BBC Ed Lawrence durante uma reportagem em Xangai, na China. O sindicato subscreve as palavras do governo britânico que classifica este incidente como “inaceitável” e considera que “seja qual for a situação, a liberdade de imprensa deve ser sacrossanta”.

3 – O SJ tem falado com a Federação de Associações de Jornalistas Espanhóis (FAPE) e outros camaradas espanhóis no sentido de obter informações sobre a situação do jornalista Pablo González, detido há mais de nove meses, na Polónia, acusado de espionagem em favor de Moscovo depois de ter estado na Ucrânia. Reconhecendo a gravidade das suspeitas, o SJ não pode deixar de manifestar indignação pela forma como Pablo González está detido sem acusação formal. A alegada complexidade do caso não pode servir para justificar o comportamento das autoridades policiais e judiciais polacas, que configura um caso de violação dos direitos humanos, quer pelo tempo da detenção sem acusação formal, quer pelas condições em que está encarcerado: sob vigilância permanente, sem acesso a comida em condições e limitado a um banho por semana, relataram organizações-não governamentais internacionais. O SJ associa-se à FIJ e à FEJ na preocupação manifestada com este caso, exorta aqueles representantes dos jornalistas a uma ação mais vigorosa e espera que se esclareça rapidamente a situação de Pablo González porque a detenção de um jornalista sem acusação formal e sem culpa provada em tribunal é, por si só, um atentado à liberdade de imprensa, mais grave ainda num país da União Europeia.

4 – O SJ associa-se à FEJ e exorta a FIJ a pronunciar-se, também, na condenação veemente à intimidação e às campanhas, frequentemente orquestradas por organizações pró-governamentais, contra jornalistas e órgãos de comunicação social independentes na Sérvia. O caso mais recente aconteceu com a jornalista Jelena Obucina, que foi ameaçada de morte no Twitter, de forma muito violenta. O SJ junta-se à FEJ, ao “Media Freedom Rapid Response” e à Rede Pela Segurança dos Jornalistas na condenação destes atos e no pedido de intervenção, rápido e justo, das autoridades policiais e judiciais sérvias.

5 – Dos 518 jornalistas atualmente desaparecidos no Mundo, dados dos RSF, 24 são iranianos em paradeiro incerto desde que eclodiram os protestos no Irão, após a morte da jovem Mahsa Amini às mãos da polícia dos costumes, em setembro. Entre estes 24 profissionais, o SJ destaca o caso do fotojornalista Arya Jafari, levado para parte incerta pela polícia iraniana alegadamente com a intenção de impedir que as fotografias dos protestos no Irão fossem publicadas e partilhadas internacionalmente. Também neste caso, o SJ se associa à FEJ e à FIJ, contando com o poder de amplificação de denúncia destas organizações, que representam mais de 600 mil jornalistas, em 146 países em todo o planeta, 44 dos quais na Europa, com 320 mil profissionais da comunicação afiliados só no Velho Continente.

Partilhe