O Sindicato dos Jornalistas (SJ) repudia com veemência as agressões de que foram alvo vários jornalistas por parte de elementos do Corpo de Intervenção Rápida da PSP, no dia 3 de fevereiro, na Praça do Município, em Lisboa.
Apesar dos jornalistas Bernardo Afonso, do jornal Fumaça, e João Biscaia, do jornal Setentaequatro, terem informado os agentes da Polícia de Segurança Pública que se encontravam a trabalhar no local, terem apresentado as suas identificações e mantido visíveis as Carteiras Profissionais de jornalista, ambos foram alvo de várias bastonadas em várias partes do corpo, incluindo na cabeça.
Os jornalistas estavam a cobrir as duas manifestações que decorriam em simultâneo na Praça do Município e que reuniram dezenas de pessoas em grupos antagónicos.
De um lado, os manifestantes que aderiram ao protesto “Contra a Islamização de Portugal” e do outro, as pessoas que se opunham a esta manifestação.
Como nenhum dos agentes se encontrava identificado, Bernardo Afonso perguntou a vários polícias quem era o comandante da operação, sem que nunca tivesse tido resposta além das agressões que começaram sem qualquer aviso.
O jornalista João Biscaia relata que, em vários momentos, foi agarrado e empurrado por agentes, e agredido com um pontapé e um soco. Apesar de perguntar repetidamente porque estava a ser agredido, nunca obteve resposta.
O Sindicato dos Jornalistas reconhece que as forças de segurança são essenciais para a manutenção da ordem constitucional e da democracia de qualquer sociedade livre e desenvolvida. Por estas razões, o SJ entende que as responsabilidades e a atuação das forças de segurança devem ser irrepreensivelmente justificadas e proporcionais. Não o foram na Praça do Município, em Lisboa.
O SJ lembra que as agressões a jornalistas no exercício da sua profissão são um crime público e que nenhuma instituição do Estado está acima da lei.
O papel do jornalismo é tão importante para as sociedades livres e desenvolvidas como é o das forças de segurança. Para que assim seja, é preciso que sejam criadas as condições para o trabalho dos jornalistas ocorra sem quaisquer constrangimentos ou pressões.
O SJ apela aos órgãos onde trabalham os jornalistas agredidos – e aos próprios – que tomem as medidas necessárias na denúncia deste episódio.
O SJ disponibiliza os serviços jurídicos para acompanhar as ações que os jornalistas agredidos pretendam realizar.