O Sindicato dos Jornalistas reuniu-se com o grupo parlamentar do PSD com o objetivo de falar sobre o estado do setor e a sua sustentabilidade e financiamento.
Uma delegação do Sindicato dos Jornalistas (SJ) foi recebida na Assembleia da República pelos deputados sociais-democratas Ricardo Araújo e Sofia Carreira, ambos com assento na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto. O estado atual das empresas de comunicação social, e os perigos que daí resultam para os jornalistas e para a democracia, e os possíveis caminhos a seguir para assegurar a viabilidade dos media e manutenção de postos de trabalho foram temas abordados no encontro, quarta-feira.
Na reunião, o presidente do SJ, Luís Simões, detalhou o estado do setor, com particular destaque para a difícil situação do Global Media Group (GMG) e da Trust in News (TiN). Dois exemplos de uma sobrevivência difícil, que vai da Imprensa Regional aos maiores grupos, sinalizada pelo SJ. Na Global, os jornalistas sem vínculo permanente vão para dois meses sem receber o que lhes é devido e sem qualquer explicação ou resposta da administração de Vítor Coutinho. No caso da TIN, dona da Visão, da Exame e Exame Informática, entre outros títulos, que neste momento está a enfrentar um PER (Processo Especial de Revitalização), muitos dos seus trabalhadores têm igualmente salários em atraso e estão, naturalmente, muito apreensivos em relação ao futuro da empresa.
Os deputados mostraram preocupação com a realidade dos media e dos jornalistas, defendendo ser necessária a adoção de medidas urgentes dirigidas ao setor que assegurem a sua viabilidade, independência e transparência. Esta reunião surge já depois de o sindicato ter sido recebido pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, que prometeu apresentar medidas depois da avaliação que está a ser feita pelo governo.
Ficou também reforçada a intenção de organizar uma nova conferência sobre o financiamento dos media, como parte de um processo público de recolha de contributos e de discussão sobre o financiamento do jornalismo. O grupo parlamentar do PSD mostrou-se recetivo à possibilidade de a conferência se realizar na própria Assembleia da República, como parte do plano de atividades da comissão responsável pela comunicação social. Esta conferência – ainda sem data definida – deve ocorrer já nos próximos meses, mostrando o interesse e a urgência do SJ em discutir a viabilidade do setor e em garantir condições para os seus profissionais.
Também foram apresentadas algumas propostas de financiamento para os media e foi detalhada a situação da Agência Lusa e da RTP, onde o SJ mostrou a crónica insuficiência de meios para o cumprimento das obrigações de serviço público e referiu como bastante problemáticas as dificuldades de contratação motivadas pela falta de autonomia de gestão das duas empresas. Para mais tarde ficou a promessa de desenvolver um documento mais extenso e elaborado com todas as propostas do SJ com vista à sustentabilidade do setor.
O SJ entende que num momento de emergência não é possível adiar mais um forte e empenhado apoio do Estado ao jornalismo livre e independente, já que por esta altura essa parece ser a única forma de defender a democracia e combater a desinformação