Pela defesa do jornalismo, uma hora de solidariedade com o GMG

Nós, jornalistas, estamos na linha da frente contra o totalitarismo, a intolerância, a mentira, o boato, a manipulação, a ignorância.

Não é por acaso que o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, referiu recentemente que “a capacidade para criar desinformação a uma escala global e minar factos estabelecidos cientificamente constitui um risco existencial da própria humanidade”.

Não é por acaso, também, que o artigo 19.º da Declaração Universal dos Direitos do Homem faz referência à liberdade de informação como um direito fundamental e o n.º 2 do artigo 11.º da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia refere expressamente que “a liberdade e o pluralismo dos media têm de ser respeitados”.

Não é por acaso que a Constituição da República Portuguesa, Artigo 37.º, consagra a Liberdade de expressão e informação, e o Artigo 38.º a Liberdade de imprensa e meios de comunicação social.

Como todos sabemos, há formas e intensidades distintas de colocar em causa a liberdade de informação. Uma das mais silenciosas e menos discutidas são as condições de trabalho dos jornalistas: em Portugal apenas metade dos jornalistas têm um contrato permanente, que contrasta com a realidade portuguesa onde os vínculos permanentes são a regra. Choca, também, com a própria Constituição e lei que proíbem a precariedade.

A insegurança no emprego, a par com os salários baixos praticados no setor, representa um obstáculo grave ao desenvolvimento da profissão e constitui um entrave ao próprio direito dos cidadãos de serem informados livremente: um jornalista que não consegue pagar as contas ou ter um mínimo de estabilidade no emprego está mais exposto às pressões de administrações menos escrupulosas e do poder em geral. Isso fere de morte a Liberdade de Imprensa, um dos mais determinantes pilares da nossa democracia.

Enfrentamos, atualmente, um dos momentos mais difíceis dos últimos anos, de que a situação no Global Media Group é o exemplo mais premente e urgente. São os despedimentos coletivos, o incumprimento das leis e da contratação coletiva, as tentativas de silenciar o pluralismo, a descredibilização e a secundarização da informação fidedigna e credível.

Para que a sociedade civil, o poder político e as empresas de media nunca se esqueçam que sem jornalistas com condições dignas de trabalho não há liberdade de imprensa, o Sindicato dos Jornalistas apela a todos para que se juntem ao protesto da Global Media Group, que cumpre um dia de greve pela defesa dos postos de trabalho, do salário em dívida, e do jornalismo.

Faz-te ouvir e, num gesto de protesto e, também, de solidariedade com a Global, junta-te à greve entre as 14 e as 15 horas, no dia 10 de janeiro de 2024.

Vamos mostrar a força de estarmos juntos! O jornalismo precisa. A democracia agradece!

Perguntas & respostas sobre a hora de greve:

A quem se aplica o pré-aviso de greve de uma hora?
O pré-aviso de greve aplica-se a todos os jornalistas em Portugal, independentemente do meio e do órgão em que trabalham.

A quem se comunica?
Ninguém tem de informar que está em greve. Se não trabalhar nessa hora, há a presunção de que está de greve. No entanto, para efeitos dos “números” podem comunicar ao empregador que estão de greve.

E se estiver em teletrabalho?
Se estiver em teletrabalho, pode informar a editoria, por cortesia. Para efeitos dos “números” podem comunicar ao empregador que estão de greve, depois.

E se estiver na hora de almoço?
No caso de estar na hora de almoço, pode informar, depois da greve, os RH que fez greve naquele tempo.

O pré-aviso cobre a deslocação para as concentrações?
O pré-aviso só cobre aquela hora. Se houver deslocação, tem de ser naquele período, embora, dada a especificidade da nossa profissão, que obriga deslocações frequentes, tal não seja um problema.

Perco dinheiro com isso?
Sim, perde o equivalente a uma hora de trabalho.

Mais informações:

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