A precariedade do jornalismo, o combate à desinformação e a concentração nas principais metrópoles, com destaque para a capital Lisboa, são alguns dos principais desafios do futuro do jornalismo avançados, esta terça-feira 19 de abril, na Aula Magna do Instituto Politécnico de Viseu, na “Conferência da Imprensa – O Futuro do Jornalismo”.
A iniciativa, que partiu da direção e do conselho deontológico do Sindicato dos Jornalistas (SJ), da Sociedade Portuguesa da Comunicação (SOPCOM) e do Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra (CEIS20), foi a primeira de um ciclo que pretende percorrer todas as universidades e politécnicos do país com formação de futuros jornalistas.
O jornalista correspondente da SIC, Frederico Correia, logo ao início, deixou o mote. “Não é fácil haver jornalismo quando há tanta precariedade e pessoas pagas à peça”, diz. Uma frase que espelha a realidade de parte significativa dos jornalistas que trabalham fora dos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto e que atinge também o jornalismo regional, considerado por todos os jornalistas convidados como “importante para unir as comunidades”.
Noutro ângulo, Sandra Rodrigues, diretora do Jornal do Centro e correspondente do jornal Público, sublinhou a necessidade do jornalismo e dos jornalistas no combate à desinformação. “Tem de haver jornalistas em missão para combater a desinformação”, afirma a jornalista, sobretudo numa altura em que “existe maior dificuldade para ter astúcia e chegar para além daquilo que diz a fonte, para fazer análise crítica à fonte”, acrescenta Frederico Correia.
Na ótica de Luís Simões, presidente da direção do SJ, no futuro que é já muito o presente “os jornalistas vão saber demonstrar que são fundamentais”, deixando um alerta para o jornalismo e os jornalistas do futuro, perante uma plateia de mais de uma centena de possíveis aspirantes a jornalistas ou profissionais de outras áreas da comunicação: “o futuro do jornalismo vai depender do jornalismo que investiga, que é independente e que, em vez de se lamentar que não tem recursos ou meios, vai fazer a diferença”. Luís Simões deu como exemplo o jornalismo que está a ser feito, “com qualidade”, sobre a guerra na Ucrânia. “O jornalista vai provar que é fundamental e que qualquer sociedade, seja ela qual for, não pode passar sem jornalismo. Pode estar em perigo, mas nunca vai morrer”, assegura o presidente da direção do SJ.
A visão mais otimista do jornalismo chega precisamente da jornalista mais nova da mesa. Mariana Silva, correspondente da TVI/CNN, depois de uma passagem de três anos pelo Jornal do Centro, em Viseu, acredita que “os jovens estão a tornarem-se mais atentos e críticos ao que se faz e como se faz”. Um sinal de esperança deixado pela jornalista que vê também que as gerações mais novas estão a “tentar reeducar também as gerações mais velhas, no sentido de não acreditarem em tudo o que se diz e que se lê”. Ainda assim, reconhece que há “um longo caminho ainda a percorrer”.
Em Viseu, as Conferências da Imprensa contaram com o apoio da Escola Superior de Educação de Viseu, do Instituto Politécnico de Viseu e da Associação de Estudantes da ESEV. O próximo evento está a ser pensado e trabalhado para o próximo dia 7 de maio, nas instalações do SJ, em Lisboa.