Intervenção do Presidente do Sindicato dos Jornalistas no 1.º Congresso dos Jornalistas dos Açores

Intervenção

Marta Silva

Ricardo Freitas

Inês Linhares Dias

Oriana Barcelos

Luís Branco

Susana Silveira

Ana Paula Braga

Saes Furtado

Berta Tavares

Herberto Gomes

 

São 10. E sem eles não estaríamos aqui hoje. Os Açores estiveram tempo a mais sem uma direção do Sindicato dos Jornalistas e foram estas mulheres e estes homens que nos deram muito do seu tempo, muita da sua energia e muita da sua capacidade para não deixarem que os problemas dos jornalistas açorianos fossem esquecidos, ignorados.

Depois do ato de coragem, o sonho que por vezes me pareceu impossível: no Programa da Lista uma frase simples, organizar o Primeiro Congresso dos Jornalistas dos Açores. O medo de falhar deu lugar a este encontro que mais do que nos reunir nesta sala, vai unirmos na discussão dos nossos problemas comuns.

Como diz o lema deste congresso era urgente (re)pensar o jornalismo que se faz no arquipélago e este é o palco privilegiado para discutirmos, para encontrarmos caminhos. Para refletirmos e encontrarmos forma de valorizarmos o jornalismo e a profissão de jornalista. Abril trouxe-nos a liberdade de Imprensa, a liberdade de expressão… fez desta profissão um dos pilares dessa mesma democracia. Hoje, na era da desinformação, temos mesmo de cumprir o jornalismo porque só assim cumpriremos Abril.

Passados 49 anos, a situação é delicada. O jornalismo vive numa profunda e contínua crise e este é o momento de deixarmos um grito de alerta com uma frase tantas vezes repetida, mas mais vezes ignorada: o único antídoto contra a desinformação é a informação. É o jornalismo.

Temos aqui alguns representantes do poder político (e teremos outros mais à frente…) e não posso, por isso, deixar de vos dizer a todos que o empenho que a direção do SJ nos Açores tem tido em colaborar com as tentativas de melhorar o Promédia, programa de apoio à comunicação social é fundamental é tão necessário como era urgente.

Temos de aproveitar o facto de os governantes nos Açores estarem na vanguarda e ao longo dos anos e terem percebido que é imperativo o apoio a esse pilar da democracia, que isso é fundamental, que é o caminho… antes que seja tarde de mais.

Que sirva de exemplo, que o que é feito nos Açores ganhe dimensão e seja replicado, ou pelo menos aproveitado pelo poder central, tantas vezes a mostrar mais resistência ao apoio ao jornalismo.

Ou por medo de ser acusado de ingerência. Ou por receio de que possa parecer forma de controlar e condicionar. Receios que quanto maior for a transparência dos apoios, mais infundados serão. Como se tem vindo a provar aqui. Este caminho feito nos Açores é o único que não termina num beco sem saída.

E neste contexto de valorização do jornalismo dizer que uma das propostas que foi feita é que o Promédia possa discriminar positivamente as empresas que cumpram o contrato coletivo de Trabalho que assinarei mal chegue a Lisboa. É esta a forma de ajudar a que todas o possam cumprir e para os jornalistas isso é fundamental.

Nesse contrato está prevista uma carreira de jornalistas que é uma só. O que quero dizer com isto? Que não é diferente se o jornalista exercer nos Açores, no Minho, na Madeira, no Algarve. No Porto ou em Lisboa. Todos temos as mesmas responsabilidades, é natural que tenhamos uma só carreira e as mesmas perspetivas de futuro.

Teremos algumas conquistas como tempo para o repouso com o regresso dos 25 dias de férias, uma regulamentação mais favorável do teletrabalho e algo que parece muito aquém das necessidades, mas é um passo: um salário mínimo de entrada na profissão de 903 euros e uma progressão em função dos anos de profissão.

Um jornalista estagnado não pode ser um jornalista motivado e vigilante e é por isso fundamental que avance na carreira, que o salário acompanhe o adquirir de competências.

O meu tempo está a esgotar-se, mas não poderia deixar de vos falar na felicidade que sinto por estar aqui também para participar numa homenagem ao Professor Mário Mesquita.

Praticamente todos os que aqui estamos transportam a cada momento o muito que Mário Mesquita nos foi oferecendo ao longo dos anos. Um pensador único, homem que foi antecipando os problemas que iriamos enfrentar e que nos deixou pistas. Um defensor de liberdade e do jornalismo livre e independente.

Talvez esta homenagem até seja pouco para o muito que Mário Mesquita nos deu, mas tenho a certeza de que o nosso professor teria gostado de estar aqui a ajudar-nos a todos a refletir.

Termino dizendo que é bom ver tanta gente neste congresso. É sinal de que o jornalismo está vivo. Que o jornalismo continuará sempre a estar vivo.

 

Intervenção do Presidente do Sindicato dos Jornalistas, Luís Filipe Simões, no 1.º Congresso dos Jornalistas dos Açores.

29 de Abril de 2023

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