8 de Março: a igualdade deve ser uma prioridade

Neste 8 de Março, dia internacional das mulheres, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) reforça o apelo aos órgãos de comunicação social para que coloquem a igualdade de género como uma questão prioritária, de forma a garantir os direitos de todos e todas as jornalistas.

Diversas iniciativas têm tido lugar a nível europeu e por todo o mundo para chamar a atenção para este problema, assim como ações concretas para o resolver, tais como a campanha da Federação Internacional de Jornalistas para acabar com a violência de género em contexto de trabalho ou o projecto AGEMI, em parceria com a Federação Europeia de Jornalistas, que reuniu um conjunto de boas práticas em diversos países.

Recentemente, o SJ contactou as direções e administrações dos principais órgãos de comunicação social (OCS) do país com o objetivo de fazer um levantamento sobre a igualdade de género e as abordagens dos OCS a esta temática. As respostas foram pouquíssimas, e, coincidentemente, enviadas apenas por diretoras.

Este é um tema premente para o SJ, que se orgulha de ter uma direção paritária, para a qual este levantamento é apenas parte de um processo com vista à organização de outras iniciativas, não se esgotando nesta semana em que as mulheres e a igualdade de género são destaque.

Os dados de um estudo do ISCTE em colaboração com o SJ, que inquiriu mais de 1400 jornalistas em 2016, mostram que “as mulheres têm mais educação, trabalham mais horas, são menos de metade em posições de chefia e liderança, são menos de metade nos salários acima dos mil euros, estão menos satisfeitas com a profissão”. De acordo com o relatório sobre a agência Lusa, as mulheres recebem menos do que os homens em praticamente todos os indicadores, seja idade, antiguidade na instituição, nível de formação.

Atualmente, encontramos seis mulheres entre as lideranças dos principais meios de comunicação social de âmbito nacional: Luísa Meireles (Lusa), Mafalda Anjos (Visão), Sandra Felgueiras (Sábado), Inês Cardoso (Jornal de Notícias), Rosália Amorim (Diário de Notícias) e Sandra Monteiro (edição portuguesa do Le Monde Diplomatique).

Igualdade salarial e no acesso a cargos de chefia, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal/familiar e protecção em situações de assédio (dentro e fora da redação) e cyberbullying são algumas das questões que carecem de mais dados concretos para se desenharem soluções. É importante que as empresas jornalísticas façam a recolha de dados que permitam dar visibilidade a estes problemas.

Estes passos são prioritários para o SJ, que os acompanhará e apoiará, com o objetivo de aumentar a discussão e consciencialização entre os e as jornalistas para esta temática, incentivando também os OCS a tomarem medidas no sentido de promover mais igualdade nas redacções.

É por isso que, ao longo desta semana em que se celebra o dia internacional das mulheres, o SJ dará conta dos dados recolhidos junto de alguns OCS portugueses de forma a contribuir para traçar, com uma perspectiva de género, um retrato da nossa classe profissional.

O objetivo é que esse retrato sirva como ponto de partida para o debate, a promoção de boas práticas e a implementação de medidas de forma a que a igualdade de género seja cada vez mais uma realidade.

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