23% dos jornalistas tiveram alterações no salário durante estado de emergência – estudo

O estudo “Efeitos do estado de emergência no Jornalismo”, cujos resultados preliminares foram divulgados hoje, revela que 23% dos jornalistas tiveram o salário alterado e 15,5% viram a sua situação laboral modificada durante o estado de emergência decretado devido à pandemia de covid-19.

Entre os jornalistas que viram a sua situação laboral ou salarial alterada, 74% auferem menos de 1 000 euros, salienta o estudo, realizado por uma equipa de investigadores do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra, do Instituto de Ciências Sociais e do Centro de Administração e Políticas Públicas da Universidade de Lisboa e do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, em parceria com o Sindicato dos Jornalistas, a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista e a Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação.

Segundo os resultados preliminares, divulgados durante a conferência online “Jornalismo em teletrabalho – o futuro?”, organizada pela agência Lusa (disponível aqui: https://www.facebook.com/AgenciaLusa/videos/1019420961793918/), 11,1% dos jornalistas inquiridos indicaram estar em regime de lay-off.

Coordenado pelo jornalista e professor universitário Carlos Camponez, o estudo quis saber o impacto do estado de emergência – que durou 45 dias, entre 18 de março e 2 de maio – na situação laboral dos jornalistas, nas suas expectativas e rotinas e também na ética e na deontologia.

Sobre esta última, 80% dos jornalistas identificam o rigor da informação como a questão mais afetada durante o estado de emergência.

As respostas dos 799 inquiridos que têm o jornalismo como atividade principal ou secundária permitem ainda perceber que, após o estado de emergência, as suas expectativas acerca do futuro da profissão baixaram significativamente: aumentou a perceção sobre a probabilidade de perder o emprego a curto prazo; baixou a perceção sobre a probabilidade de encontrar um novo emprego no jornalismo, se se estivesse numa situação de desemprego; e aumentou o número de jornalistas que admite a probabilidade de deixar de exercer a profissão a curto ou médio prazo.

O cenário identificado pelos inquiridos revela também que as redações e a forma de trabalhar a informação sofreram um impacto direto: 68,9% dos jornalistas referem que a redação não foi o seu local habitual de trabalho; os jornalistas tiveram de recorrer a outras tecnologias para contacto com as fontes de informação e para a produção de informação; o número de jornalistas que deixou de sair em reportagem aumentou; e os temas relacionados com a covid-19 tiveram um peso esmagador na agenda noticiosa.

Responderam ao inquérito 890 jornalistas, 567 homens e 323 mulheres, representando 13,33% do total de jornalistas registados na Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (6.678).

Leia aqui o relatório preliminar

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