SJ saúda greve do JN em defesa do jornalismo e num clima adverso e de pressões

O Sindicato dos Jornalistas está ao lado dos trabalhadores do “Jornal de Notícias”, em greve na quarta e quinta-feira contra um anunciado despedimento coletivo. Uma paralisação, extensível a todo o Global Media Group (GMG), que, no primeiro dia, foi total no JN, que não sai para as bancas pela primeira vez em 35 anos.

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) saúda a luta destes trabalhadores, que defendem não só os postos de trabalho como o JN, o jornalismo, uma região, a coesão do país e a Democracia. E fazem-no num clima adverso, com a sombra de uma administração que não dialoga, mas que tenta atemorizar, como se depreende do envio de um comunicado aos trabalhadores, durante a tarde de quarta-feira, enquanto os jornalistas estavam em greve à porta das instalações do “Jornal de Notícias”, no Porto e em Lisboa.

No comunicado, entre outras coisas, a empresa anuncia que não vai cumprir com o pagamento do Subsídio de Natal, que é devido até ao dia 7 de dezembro, conforme consta do Contrato Coletivo de Trabalho (CCT). Alega falta de dinheiro, enquanto contrata assessores, consultores e diretores. O pagamento em duodécimos do chamado 13.º mês não é legal e não pode ser imposto unilateralmente, alerta o SJ.

A concretizar-se este incumprimento, o Sindicato dos Jornalistas vai avisar a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), juntando esta violação do CCT a outras questões já identificadas numa participação a apresentar à ACT.

Ademais, o departamento jurídico do Sindicato dos Jornalistas vai avaliar se há uma eventual pressão ilegítima da administração ao enviar, durante a greve, um comunicado com o teor deste, em que levanta a hipótese de falência do grupo, alijando responsabilidades a terceiros e tratando os trabalhadores como dispensáveis, ao aumentar de 150 para até 200 o total de pessoas que pretende dispensar, por acordo de rescisão ou subsequente despedimento coletivo se não for atingido esse número. De resto, é incompreensível – ou um péssimo prenúncio – que um fundo de investimento adquira um grupo empresarial de Comunicação Social e, um par de meses volvidos, se mostre surpreendido com a situação financeira. Não aferiram dos riscos em momento prévio à compra? Não sabiam que têm de pagar salários e subsídios aos trabalhadores no tempo legalmente previsto? Ficaram surpreendidos por terem de cumprir a lei?

Em face disto, o SJ convida os jornalistas dos outros títulos do grupo a juntarem-se, quinta-feira, a esta greve, que é extensiva a todos os jornalistas do GMG, desde o Açoriano Oriental, o jornal mais antigo de Portugal, ao Diário de Notícias, o mais antigo do território continental, passando pela rádio TSF, o desportivo “O Jogo”, as revistas e sites do GMG e o “Jornal de Notícias”, de 135 anos, cuja redação deu, quarta-feira, dia 6, um sinal muito forte de união e mobilização.

A todos os trabalhadores que aderiram à greve, o Sindicato dos Jornalistas quer mostrar mais do que solidariedade, pois sente que lhes deve dizer que com este sacrifício pessoal estão a fazer um justo grito de alerta em nome de todos os que defendem a democracia e a liberdade de expressão. E um grito de revolta, ao dizer o que é evidente à administração e ao fundo de investimento que comprou o GMG: Portugal fica mais pobre sem o “Jornal de Notícias”. Portugal não pode passar sem os órgãos de comunicação social do GMG. O país precisa de todos, e fortalecidos.

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