O Sindicato dos Jornalistas (SJ) manifesta profunda preocupação com a situação que se vive atualmente no Global Media Group.
O Global Media Group (GMG) comunicou aos trabalhadores do JN, da TSF, do DN e d’O Jogo, a adesão da empresa ao Apoio Extraordinário de Retoma Progressiva da Atividade, que vai implicar uma redução de até 40% no tempo de trabalho e um corte em salários brutos superiores a 1995 euros por mês. O plano será implementado de 5 de maio até ao final de setembro.
O SJ recorda o impacto que a decisão hoje anunciada e já noticiada vai ter na vida pessoal e financeira dos trabalhadores, aos quais se vai pedir maior esforço pelo mesmo ou menor salário, podendo pôr em causa a qualidade do jornalismo que é produzido pelos diversos órgãos daquele que é o maior grupo privado de comunicação social, especialmente seis meses depois de um despedimento coletivo ( de 81 trabalhadores, entre eles 17 jornalistas, o qual só não se aplicou na TSF), mais um, que deixou as redações bastante depauperadas de recursos e a trabalhar no limite do tempo, das energias e das condições laborais, ainda por cima em altura de pandemia, tão exigente para todos os portugueses. Este despedimento antecedeu a entrada do acionista maioritário Marco Galinha, do Grupo Bell, em setembro do ano passado.
Cerca de meio ano depois, a situação financeira do GMG serve para justificar a adesão a este novo plano, apesar de a administração ter assumido que há sinais positivos nos vários órgãos do grupo. O SJ estranha este cenário, mais ainda porque há poucas semanas houve novas contratações e investimentos, bem como promessas de aumentos em alguns meios de comunicação social do grupo e espera que a adoção do mesmo não seja um paliativo para a aplicação de outro tipo de medidas mais prejudiciais para os trabalhadores.
O SJ manifesta desde já toda a solidariedade para com estes trabalhadores, assim como para com as centenas de jornalistas a recibo verde, avençados e à peça, que reiteradamente estão a receber o pagamento com atraso.
O SJ informa ainda que há uma semana pediu uma reunião urgente ao presidente do conselho de administração (CA) do GMG, a propósito dos atrasos no pagamento aos colaboradores, situação que, à data de hoje, se mantém para alguns deles. Em causa, recordamos, está o pagamento de trabalhos realizados em fevereiro. A resposta chegou hoje apenas com indicação de que Marco Galinha atenderá o pedido de reunião em “data a conjugar” na agenda.
Quem vai fazer as notícias? Que qualidade pode o GMG garantir aos leitores e ouvintes quando o tempo de trabalho vai ser encurtado durante meses? Onde está o respeito pelo jornalismo e pelos jornalistas propalado pelo novo acionista do GMG, antes de entrar no negócio, quando, em entrevista ao jornal Público, considerou indignos os salários pagos na profissão e prometeu aumentá-los? Onde está o respeito pelo jornalismo quando o primeiro ato de gestão do novo acionista maioritário é um corte nos salários dos trabalhadores e na capacidade das redações fazerem o melhor produto possível, darem o melhor ao público? São questões que o SJ espera ter oportunidade de colocar nessa prometida reunião.