Aproximar o jornalismo e os jornalistas 

“Jornalismo fora dos grandes centros” foi o tema da conferência promovida pelas Direções Nacional e Regional da Madeira do Sindicato dos Jornalistas (SJ).

Jornalistas de vários órgãos de informação nacionais e regionais, académicos e representantes de instituições europeias reuniram-se em Câmara de Lobos para debater o presente e o futuro do jornalismo em Portugal.

Na conferência, que decorreu no Museu de Imprensa da Madeira, em Câmara de Lobos, foram analisados os problemas que enfrentam os órgãos de comunicação social (OCS) regionais, que acabam por ser partilhados também pelos nacionais, nomeadamente as dificuldades financeiras decorrentes da quebra na venda de publicidade tradicional e da diminuição de leitores, a redução das redações, a precariedade laboral, as dificuldades na passagem do analógico ao digital, o relacionamento com as fontes, os desafios da Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas (CCPJ), a falta de profissionais jovens nas rádios, assim como o modelo de apoio aos média da Madeira e ainda os riscos da proximidade entre os OCS e o poder político.

Para além destes temas, foi ainda debatido o papel das redes sociais como veículos de transmissão de notícias falsificadas e/ou notícias sem tratamento jornalístico. A este propósito, Sofia Colares Alves, representante da Comissão Europeia em Portugal, destacou estudos que indicam que “50 por cento dos perfis nas redes sociais são falsos” e que o universo de seguidores de uma ‘fake news’ “é  maior do que o número de seguidores que depois acompanham o consequente desmentido”.

A responsável abordou também a legislação que é produzida na União Europeia (UE) nesse combate às notícias falsificadas, lembrando que a questão deve ser tratada como uma prioridade, uma vez que há uma franja da população, sobretudo a mais idosa, que está mais exposta a este fenómeno.

Pedro Valente da Silva, chefe do Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal, abordou os desafios que as eleições europeias de maio representam. O responsável alertou para a necessidade de uma informação objetiva e credível e lembrou que o Parlamento Europeu disponibiliza ferramentas online para que os jornalistas possam aceder a informação atualizada sobre tudo o que se relaciona com o universo da União Europeia e com as eleições europeias.

A presidente do Sindicato dos Jornalistas, Sofia Branco, sublinhou, como tendência de futuro, a prevalência do digital sobre o papel, defendendo que, apesar das dificuldades, este é um processo ao qual não se pode escapar. A transição, que não impedirá a sobrevivência de jornais em papel, terá de ser feita de modo a que seja preservado o rigor a que a profissão de jornalista obriga.

O presidente da Direção Regional da Madeira do Sindicato dos Jornalistas, António Macedo Ferreira, destacou a importância da conferência para a troca de experiências, com vista ao fortalecimento do jornalismo.

A conferência “Jornalismo fora dos grandes centros” contou com a participação de académicos e de representantes de vários órgãos de informação nacionais e regionais, da Madeira, do Minho, de Trás-os-Montes, da região Centro e do Alentejo.

Antecedendo esta iniciativa, as Direções Nacional e Regional do SJ visitaram as redações da RTP-Madeira, Antena 1-Madeira, Lusa, Funchal Notícias, Diário de Notícias da Madeira, JM e Rádio JM-FM, para um contacto direto com os jornalistas.

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