“Visão” revela planos do Governo para controlar os média

Um alegado plano do Governo PSD-PP, com vista a controlar os órgãos de comunicação social e a “virar à direita” o cenário dos média, é denunciado num dossier da revista “Visão” de 14 de Outubro, que parte do “caso Marcelo” para fazer uma análise do actual panorama do sector.

De acordo com a peça que abre o dossier, já no passado dia 11, quando Santana Lopes fez uma declaração à hora dos telejornais, a sua intenção era “iludir a comoção que varria o país após a conturbada saída de Marcelo Rebelo de Sousa da TVI”.

Para a “Visão”, esta foi apenas uma jogada no xadrez político, já que fontes governamentais admitiram a vontade de “propiciar o entendimento entre as duas holdings mais próximas do Governo (Cofina e Media Capital) e a PT, fortemente condicionada pelo poder executivo”.

O artigo, intitulado, “Manobras em S. Bento”, avança ainda que os planos do executivo passaram pela contratação de “centenas de assessores, consultores e adjuntos”, pela “nomeação de Luís Delgado para presidente da comissão executiva da Lusomundo Media e da Global Notícias”, e pela criação do Gabinete de Informação e Comunicação, uma espécie de Central de Comunicação do Governo com vista a orientar os jornalistas e a desviar atenções das situações mais delicadas.

A peça principal da revista é acompanhada de uma caixa acerca de “três histórias exemplares”, em que são apresentados casos de pressões, chamadas de atenção ou distúrbios de horário que terão pesado, respectivamente, sobre os programas “Jogo Falado” (RTP), “Cabaret da Coxa” (SIC Radical) e “Contra-Informação” (RTP).

O caso de Rui Gomes da Silva, o ministro das Assuntos Parlamentares, é também objecto de destaque com a peça “A sombra de Santana”, que acompanha o percurso deste governante, por sinal sempre paralelo ao do actual primeiro-ministro.

Algumas simpatias e rancores de e por Marcelo Rebelo de Sousa são focadas em “A febre de domingo à noite”, que recupera várias das mais polémicas frases das intervenções de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI e conclui que a intenção do comentador ao “bater com porta” continua por esclarecer.

Os negócios que os “patrões dos média” têm em vista, com as respostas dadas pela Impresa, Media Capital, Cofina e Portugal Telecom constam também do dossier da “Visão”, que inclui ainda uma peça sobre a concentração dos órgãos de comunicação em Portugal e a necessidade de regular este aspecto do sector.

Código de conduta

A revista “Visão” divulga também na edição desta semana o código de conduta que decidiu adoptar, e cujo objectivo é o de “estabelecer uma relação de transparência com os leitores”, segundo afirmou à Lusa o director, Cáceres Monteiro, citado pelo “Público”.

De acordo com Cáceres Monteiro, o código da “Visão”, para além de estar em consonância com as normas éticas, deontológicas e legais aplicáveis ao jornalismo, incorpora ainda “uma série de normas que extravassam o âmbito sindical”.

Partilhe