Atendendo ao caracter ofensivo de declarações proferidas pelo chefe do Estado Maior do Exército sobre o desempenho de jornalistas portugueses relativamente ao problema do urânio empobrecido alegadamente utilizado pela OTAN na Jugoslávia, o SJ interveio para repudiar o teor de tais declarações.
A propósito das declarações do Chefe do Estado Maior do Exército, sobre o desempenho dos jornalistas portugueses relativamente ao problema da utilização, pela OTAN, de armas com urânio empobrecido, a Direcção do Sindicato dos Jornalistas julga necessário esclarecer o seguinte:
1. O Sindicato dos Jornalistas e inúmeros dos seus associados e outros jornalistas lutam, há muitos anos, pela liberdade de imprensa e pela liberdade de expressão.
2. O Sindicato dos Jornalistas reconhece ao senhor General CEME o direito à liberdade de expressão de que goza, embora lamente que este direito de cidadania não se estenda a todos os militares.
3. O Sindicato dos Jornalistas reconhece que nesta profissão, como noutras, há profissionais que nem sempre cumprem adequadamente a sua missão, devido a circunstâncias por vezes muito complexas.
4. A actividade informativa, no contexto democrático de que a liberdade de expressão é fundamento, é demasiado complexa para compaginar-se com a interpretação simplista e a visão conspirativa reveladas pelo senhor General CEME.
5. As afirmações do senhor General CEME, vindas de quem vêm, configuram uma expressão politicamente melindrosa, ao arrepio do Estado Democrático instituído pelo 25 de Abril, sendo completamente desadequadas a um projecto de sociedade moderna, civilista e transparente.
6. Nesta conformidade, a Direcção do Sindicato dos Jornalistas repudia veementemente as declarações em causa e exorta a hierarquia militar, o Governo e o Presidente da República a reflectir sobre o seu significado e o seu alcance.
