SJ preocupado com “limbo” negocial da TSF e futuro dos títulos do GMG

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) acompanha com atenção as notícias das movimentações em torno do Global Media Group. Um processo negocial que suscita inquietações, mormente no caso da TSF, uma rádio privada de informação a nível nacional que parece presa num limbo negocial, enquanto se vão clarificando as posições de outros títulos do grupo.

As entrevistas de Diogo Freitas, o administrador da Office Total Food Brands, empresa que dá a cara por um consórcio de empresários que fez uma proposta de compra de 70% do GMG, e o silêncio dos ainda administradores do grupo não tranquilizam o Sindicato dos Jornalistas. Segundo o que é público e assumido, o consórcio está a negociar a compra de títulos como o “Jornal de Notícias” e “O Jogo”, além de várias revistas, como a “JN História”, a “Evasões” e “Volta ao Mundo”.

Não é totalmente claro o que acontece ao “Diário de Notícias”, ao “Açoriano Oriental” – os dois títulos mais antigos do grupo – e a outras publicações do GMG, sendo concretizado este negócio. Depreende-se, e para jornalistas isto não é suficiente, que ficarão na atual empresa. Mas são necessários factos é preciso que Marco Galinha, Kevin Ho e José Pedro Soeiro digam claramente o que vão fazer com estes títulos, em que condições, e providenciem garantias de que os projetos editoriais são para continuar e para reforçar – acreditamos que havendo negócio, o GMG poderá dispor da estabilidade financeira para alavancar o futuro dos títulos.

O caso da TSF parece ainda mais preocupante. Aparentemente perdida num limbo negocial, tanto pode ser incluída no negócio com o consórcio representado por Diogo Freitas como ser vendida a outro grupo, português ou estrangeiro – no último caso, com implicações que devem ser bem escrutinadas, tendo em conta a importância daquela rádio no panorama mediático luso.

O aparente “leilão” à volta da TSF não tranquiliza o SJ, pois estão em causa dezenas de profissionais, cerca de 50 dos quais jornalistas. É urgente que haja uma clarificação do negócio, para que estas vidas não continuem em suspenso. E é fundamental que, seja qual for o modelo, mantenha os postos de trabalho e garanta a mais do que necessária diversidade e pluralidade que a TSF acrescenta ao jornalismo radiofónico, enquanto rádio de informação de alcance nacional.

Uma venda para desmantelar ou transformar a TSF numa estação de entretenimento não serve o que é, no nosso entender, o melhor interesse da Democracia. A bem da pluralidade, o SJ espera que o negócio preserve a TSF nos moldes em que existe há quase 36 anos, quando chegou ao panorama jornalístico português como uma brisa fresca que continuará a ser muito necessária nos tempos quentes que se avizinham.

O SJ conta que as instituições responsáveis, nomeadamente a Entidade Reguladora da Comunicação (ERC) e a Autoridade da Concorrência (AdC), estejam a dar especial atenção a este caso, pela delicadeza do momento que atravessamos ao nível jornalístico, mas também político. Dois planos em que esta rádio se destaca como incontornável.

O SJ aproveita para lembrar o GMG que, independente dos moldes ou da velocidade dos negócios, a lei tem de ser respeitada e cumprida, e que o subsídio de Natal ainda está em atraso. O pagamento em tranches, que saiu para a Comunicação Social de forma sibilina, tem de ser negociado com os trabalhadores, através das estruturas que os representam. O atraso de mais de dois meses implica o pagamento de juros, que têm de ser creditados a quem espera pelo pagamento desde 7 de dezembro.

A 16 de fevereiro, com um fim de semana pela frente, os recibos verdes do GMG enfrentam mais um atraso no pagamento dos serviços prestados. Em causa estão os vencimentos de dezembro, que pelo procedimento em vigor no grupo, e que o SJ considera injusta e desproporcional, deveria ter sido pago até 10 de fevereiro. Assim, é fundamental que o GMG regularize imediatamente estas situações, poupando prejuízos mais graves à vida destes trabalhadores, os mais frágeis nestas relações laborais e tantas vezes menosprezados nos últimos anos, com particular acuidade nos meses mais recentes.

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