SJ elogia determinação das redações do GMG e espera que se faça justiça

José Paulo Fafe comunicou, na quarta-feira ao final da tarde, a demissão do cargo de presidente da Comissão Executiva do Global Media Group. Um ato tão necessário quanto inevitável, pois JPF estava sozinho a presidir à CE desde 18 de janeiro, quando resignaram Filipe Nascimento, administrador com o pelouro financeiro, e Paulo Lima de Carvalho.

A demissão de José Paulo Fafe só peca por tardia, para não dizer mais. Há um mês, a 31 de dezembro, após mais uma inqualificável decisão, felizmente não acatada pela direção, de suspender os colaboradores do JN a partir do dia seguinte, o Sindicato dos Jornalistas desafiou os acionistas a demitir a Comissão Executiva, que esta quarta-feira caducou, com a resignação do presidente e único elemento em exercício de funções.

O SJ entende que a demissão da Comissão Executiva, apesar de ter sido às prestações, credita a favor dos trabalhadores, mostra que se estiverem unidos, motivados e lutarem movem montanhas. A mobilização do GMG contagiou a classe, criando uma noção de coletivo que será muito necessária no futuro e mostrou que sem a visibilidade que só o jornalismo permite esta luta, como outras, poderia ter tido um fim inglório. Créditos, ainda, para os deputados, nomeadamente os presentes na Comissão de Juventude, Desporto, Cultura e Comunicação Social, cujas audiências foram fundamentais para desmascarar a gestão recente e menos recente no grupo.

O despedimento coletivo da administração do GMG não sucedeu por acaso, nem descontextualizado no espaço, tempo e modo. Aconteceu num grupo com redações organizadas em termos sindicais e editoriais, com eleições internas regulares, Democracia, e sentido coletivo. Com um notável trabalho dos delegados sindicais, “Jornal de Notícias”, “Diário de Notícias”, TSF, “O Jogo”, Global Imagens são redações esclarecidas, que reconhecem a importância das instituições que as representam e que valorizam e são valorizadas pelo trabalho do Sindicato dos Jornalistas, que não só acompanhou como apoiou ativamente a demanda dos jornalistas, a quem disponibilizou todos os meios necessários, do secretariado aos serviços jurídicos até à pele dos dirigentes eleitos.

Mas o ocaso da CE não é o fim deste processo, iniciado a 23 de novembro, quando foi anunciado um despedimento coletivo de 140 a 150 pessoas. O salário de janeiro não foi pago dentro do prazo, 31 de janeiro, os colaboradores estão a receber às pinguinhas e a esmagadora maioria vive na incerteza de saber, com 22 dias de atraso, quem vai ser o feliz (apesar do pouco dinheiro) contemplado no “toto-GMG”, a inexplicável fórmula encontrada pela administração para ir pagando a meia dúzia enquanto castiga com ansiedade e sofrimento largas dezenas de recibos verdes.

Não acaba aqui, também, porque há uma participação na Procuradoria-Geral da República, interposta pelo SJ, e que agora está no DIAP, a quem já fizemos chegar dados mais recentes, sobre a atuação esta administração e da anterior; não acaba aqui porque há queixas na Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT), incluindo uma por assédio laboral que visa ações dos administradores demissionários; não acaba aqui porque há uma participação na Entidade Reguladora da Comunicação Social sobre as ingerências editoriais; e não acaba aqui, porque o SJ não só espera como pugnará para que tudo seja investigado até ao fim e que se apurem responsabilidades. Todas. E de todos.

Nesse sentido, o SJ considera que a empresa ou as redações têm motivos justificados para pedir contas na Justiça pelos prejuízos causados por esta administração, que atacou e desvalorizou publicamente as marcas e o próprio grupo, que destratou e desvalorizou os trabalhadores, que até fez como reféns numa guerra absurda contra o regulador e o direito que assiste a qualquer cidadão de procurar os tribunais para fazer justiça. E justiça é o mínimo que se pode exigir em face do que aconteceu no GMG durante o consulado de José Paulo Fafe.

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