SJ denuncia repressão na Impala

A Impala está a proceder disciplinarmente contra jornalistas e outros funcionários da empresa que não acatam a proibição, ilegítima, de saída do posto de trabalho para fumar. Para o Sindicato dos Jornalistas (SJ) esta atitude nada tem a ver com a saúde dos trabalhadores, antes evidencia a pretensão da Impala em “explorar até limites absurdos o tempo de serviço dos seus funcionários”.

Em comunicado divulgado hoje, 12 de Maio, o SJ acusa a Impala de impor “um regime de organização do trabalho em que jornalistas e outros trabalhadores são transformados em meros operadores de ‘linha de montagem’”, o que para além de ser “atentatório da dignidade das pessoas” contraria a “natureza da actividade editorial e jornalística da empresa”.

Lembrando que o sistema do controlo da presença e das ausências dos jornalistas se baseia em “métodos de vigilância repressiva” que chegam mesmo a violar o “princípio do sigilo profissional”, o SJ reafirma a sua decisão de continuar a diligenciar junto da Inspecção-Geral do Trabalho, já várias vezes solicitada a intervir na Impala, para que a legalidade seja reposta na empresa.

É o seguinte o texto, na íntegra, do comunicado do SJ:

Repressão intolerável na Impala

1. A Impala está a abrir processos disciplinares contra jornalistas e outros funcionários que não acatam a proibição – ilegítima! – de saída do posto de trabalho para fumar, passando assim a uma nova fase da grave ofensiva contra os direitos dos trabalhadores iniciada no ano passado.

2. Em causa está o alegado incumprimento de ordens e instruções do empregador relativamente à execução e disciplina do trabalho, que se traduziria em alegadas interrupções injustificadas do trabalho.

3. Mas, no fundo, o que está em causa é um regime de organização do trabalho em que jornalistas e outros trabalhadores são transformados em meros operadores de “linha de montagem”, o que contraria a natureza da actividade editorial e jornalística da empresa e é atentatório da dignidade das pessoas.

4. Os processos disciplinares dos últimos dias demonstram que a Impala não está preocupada com a saúde dos trabalhadores – os que fumam e os que não fumam –, mas simplesmente apostada em explorar até limites absurdos o tempo de serviço dos seus funcionários.

5. É por isso que todo o sistema do controlo da presença e das ausências dos jornalistas da Impala se baseia em métodos de vigilância repressiva que vai da exigência de informações detalhadas sobre as suas deslocações (onde vão e com quem se encontram, o que viola grosseiramente o princípio do sigilo profissional) à estada e circulação dentro da própria empresa (policiada por câmaras de vídeo).

6. O objectivo da Impala é manter cada trabalhador permanentemente subjugado tratando-os como meras peças duma engrenagem produtiva, seja a pretexto da satisfação de necessidades profissionais, seja para beber água ou fumar, o que evidencia uma insensibilidade incompreensível na sua relação com aqueles que são muito a razão de ser da empresa e um desprezo intolerável pelas regras do trato humano.

7. SJ vai continuar a insistir com a Inspecção-Geral do Trabalho, a quem já solicitou por diversas vezes a intervenção na Impala, para que no cumprimento da sua missão tome as medidas necessárias de forma a que a legalidade seja reposta e os mais elementares direitos dos trabalhadores respeitados.

Lisboa, 12 de Maio de 2005

A Direcção

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