O Sindicato dos Jornalistas tem seguido com preocupação a situação gerada pelo corte das emissões da RTP/África na Guiné-Bissau e, por solidariedade com os esforços de cooperação entre povos lusófonos, espera que o bom senso prevaleça, apelando ao Governo para que, “sem abdicar da dignidade do Estado, facilite o entendimento com Bissau”.
Em comunicado, o SJ afirma que o corte de emissões da RTP/África e a expulsão do jornalista João Pereira da Silva, responsável pela delegação do canal em Bissau, é um atentado à liberdade de expressão.
“Porque os cidadãos do mundo têm o direito a ser informados sobre a vida da sua nação, denunciamos e combatemos todas as formas de censura”, afirma o comunicado, reiterando que “o SJ estará sempre ao lado dos jornalistas que arriscam a vida ao serviço da verdade, na Guiné ou em qualquer lado”.
É o seguinte o texto integral do comunicado do Sindicato dos Jornalistas:
O SJ E A SITUAÇÃO NA GUINÉ-BISSAU
“O Sindicato dos Jornalistas não pode silenciar a sua preocupação pela atitude do governo da Guiné-Bissau que, em 30 de Novembro passado, cortou a emissão da RTP/África e acabou por expulsar o jornalista português que assegurava o funcionamento da delegação da RTP em Bissau.
“Desde sempre foi evidente que tal atitude era um atentado à liberdade de expressão – inadmissível para uma política séria e democrática – mas gerimos a nossa indignação, esperando que o caso fosse tratado pelas entidades directamente atingidas e ofendidas, isto é, a RTP, o governo português e a CPLP, três entidades a que o governo de Bissau se encontra vinculado por protocolos internacionais.
“Por solidariedade com os esforços de cooperação entre os povos amigos da comunidade lusófona, esperamos que o bom senso prevaleça. Em Português nos entendemos e nos ajudamos desinteressadamente, sem mais preconceitos colonialistas. Por isso pedimos ao Governo Português que, sem abdicar da dignidade do Estado, facilite o entendimento com Bissau.
“As recentes preocupações do Secretário Geral das Nações Unidas sobre a situação política na Guiné-Bissau mais acentuam a nossa preocupação com a liberdade de imprensa naquele país.
“A liberdade da Guiné serão os guineenses a conquistá-la. Mas a exigência de liberdade faz parte do património da humanidade. Porque os cidadãos do mundo têm o direito a ser informados sobre a vida da sua nação, denunciamos e combatemos todas as formas de censura. O SJ estará sempre ao lado dos jornalistas que arriscam a vida ao serviço da verdade, na Guiné ou em qualquer lado.
“Também muitos de nós arriscaram tudo para denunciar a ditadura e o colonialismo, que oprimia os povos irmãos da Guiné, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique e Timor – para que nós e eles conquistássemos a liberdade e a democracia. Nessa altura a Amnistia Internacional foi uma das mais importantes ajudas. Não vamos sequer pensar que a nossa luta tenha sido em vão e, o que seria infinitamente mais grave, que tenha sido inútil tanto sangue derramado pelos heróis das guerras de libertação.
“A todos os sindicatos, associações e jornalistas dos países amigos de África, o nosso Sindicato manifesta a mais fraternal solidariedade. Temos também connosco os jornalistas e a opinião pública da União Europeia. Todos juntos façamos sentir aos jornalistas guineenses que estamos ao seu lado nesta hora difícil e que a sua luta é a luta de todos nós.”