Sindicato dos Jornalistas atento à mudança dos títulos do GMG das instalações da “torre JN”  

O Sindicato dos Jornalistas acompanha com atenção, e preocupação, a saída da conhecida “Torre JN” dos títulos do Global Media Group (GMG). Os jornalistas, e demais trabalhadores, do “Jornal de Notícias”, “O Jogo”, TSF, “Diário de Notícias”, e das revistas “História”, “Volta ao Mundo”, “Notícias Magazine” e “Evasões” começaram esta semana a deixar as históricas instalações rumo a uma nova sede, de acordo com a informação comunicada aos trabalhadores no dia 15 deste mês.
O SJ acompanha, com inquietação, mas vigilante, as informações, que vêm de há meses, de que o novo espaço não tem capacidade para albergar todos os jornalistas e lembra que o trabalhador tem direito, por lei, a um local de trabalho.
O Sindicato dos Jornalistas vai estar atento à forma como decorrerá a mudança, não hesitando em acionar os meios que achar necessários para zelar pelo cumprimento da lei e pela garantia da defesa dos direitos dos trabalhadores, nomeadamente no que concerne a condições de trabalho. As redações, pelas matérias que tratam e pelas garantias legais de que beneficiam, são locais de trabalho com especificidades próprias, que esperamos ver atendidas nas novas instalações.
Esta segunda-feira, o Sindicato dos Jornalistas associou-se a um protesto dos trabalhadores à porta da ainda sede da empresa, qu fechará as portas como jornal no fim do mês. A concentração juntou trabalhadores do GMG e teve, também, o apoio de partidos como o PCP, o Bloco de Esquerda e o Livre.

Num momento que acarreta emoções, memórias, e certamente nostalgia, o SJ envia um forte abraço a todos os trabalhadores que estes dias mudam de casa. Estamos certos de que o JN, o DN, a TSF, “O Jogo”, a “Volta ao Mundo”, a “Notícias Magazine”, a “Evasões” e a revista “JN História” continuam vivos e a resistir, a fazer jornalismo de proximidade, com os pés na rua e os olhos no horizonte, para lá de cada curva, até ao fim do Mundo.
Disponíveis para acorrer às necessidades dos trabalhadores, lembramos que a mudança acarreta desafios mas também responsabilidades para a entidade patronal e que o trabalhador não pode ser penalizados por decisões empresariais às quais é alheio, na vontade e na ação. Em caso de dúvidas, temos os Serviços Jurídicos ao dispor dos associados.

A mudança de instalações da “Torre JN”, edifício que sobressai na paisagem do Porto, para uma zona mais periférica da cidade, é apenas mais um sinal da perda de capacidade financeira que afeta a comunicação social em Portugal e no Mundo. Há anos que o SJ alerta para as dificuldades sentidas pela generalidade dos Órgãos de Comunicação Social (OCS), fazendo chegar ao Governo e aos partidos, para discussão em sede de Orçamento de Estado, propostas tendentes a suavizar essas dificuldades ou a melhorar as condições das empresas, algumas das quais saídas de uma conferência sobre financiamento dos media, organizada em 2019.
Infelizmente, as propostas continuam a não ter a atenção do Governo, que ano após ano ignora a situação financeira das empresas de media, mesmo que muitos políticos, como o primeiro-ministro ou o titular da pasta da Cultura, que tutela a comunicação social, salientem a importância do jornalismo na nossa sociedade. Ou, como disse, o presidente da República, “sem jornalismo saudável, não há uma democracia saudável”.
Sem empresas saudáveis, o jornalismo está ameaçado. E os jornalistas também, presos a salários sem atualizações há 10, 15 ou 20 anos, tolhidos pelas dificuldades acentuadas pelo aumento da inflação nos últimos anos; nunca cerceados, acreditamos nós, pois sabemos que mesmo com as dificuldades do dia a dia, com salários estagnados e carreiras congeladas, os jornalistas nunca deixarão de cumprir o dever de informar, de escrutinar os poderes e de dar voz a quem nunca seria ouvido se não houvesse jornalismo. É assim no JN, no DN, na TSF, no “Jogo” e nas revistas, que estes dias mudam de instalações, mas continuam a fazer jornalismo e a contribuir para o processo democrático, dando corpo ao direito de acesso à informação que a Constituição da República Portuguesa a todos nos garante.

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