Sindicato considera inadmissível e impensável um despedimento coletivo na GMG

A direção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) considera inadmissível, inviável e impensável a intenção anunciada pelo Global Media Group de despedir 150 pessoas, quase um terço dos cerca de 500 trabalhadores da empresa. A decisão foi comunicada formalmente pela administração a várias pessoas e colheu oposição unânime das redações incrédulas e indignadas com a administração, que, formalmente, tomou posse há menos de duas semanas.

O anunciado despedimento de 150 pessoas, com impacto primordial na TSF e no JN, é verdadeiramente inadmissível e deve fazer pensar as pessoas e as instituições deste país, pois, por coincidência, vai afetar mais dois dos órgãos que mais têm tentado dignificar as condições de trabalho e dos trabalhadores e com isso a defender o jornalismo de qualidade: a TSF, que fez uma greve histórica, a primeira em 35 anos, em setembro; e o “Jornal de Notícias”, cuja redação tem um historial reconhecido de luta laboral e sindical e que este ano conheceu vários episódios.

O SJ considera este despedimento inviável porque, segundo os números conhecidos, significa o fim do jornalismo em dois títulos do GMG: o “Jornal de Notícias”, o único com resultados positivos todos os anos e uma referência nacional com origem no Norte, anos a fio líder de audiências; e a TSF, uma das rádios mais prestigiadas e mais ouvidas em Portugal, também uma referência de qualidade e seriedade. Despedir jornalistas em títulos já carenciados de recursos humanos é impensável, inacreditável e ignóbil, e torna o exercício do jornalismo inviável. E um contrassenso, quando a medida é anunciada menos de duas semanas depois do reforço do “Diário de Notícias”, outro título do grupo, com vários jornalistas.

E é uma atitude impensável ainda há menos de um mês, quando a administração, em reunião com o SJ, disse que estava aqui para investir e fazer crescer as “marcas” do GMG e tranquilizou os trabalhadores em relação às intenções do fundo World Opportunity (WO). José Paulo Fafe e Paulo Lima de Carvalho, em representação do fundo que comprou a maioria do capital a Marco Galinha, o novo acionista não vinha para destruir, mas para construir. Mas faz saber o contrário, menos de um mês depois deste encontro.

O despedimento de 150 pessoas num grupo como o GMG, que tem cerca de 500 trabalhadores, é apenas a repetição de uma fórmula gasta e com (maus) resultados comprovados: cada vez que se reduzem os quadros de pessoal para poupar dinheiro, empobrece-se o produto final e as receitas caem mais, entrando-se numa espiral negativa e de quebra que acaba por redundar em mais despedimentos, piores resultados e mais despedimentos, e por aí fora.

Confiança total nos representantes dos trabalhadores

As palavras do novo presidente do Conselho de Administração do GMG, José Paulo Fafe, desmentindo o que a administração anunciou de viva voz a vários representantes de trabalhadores no grupo, não são aceitáveis e têm de ser explicadas: como é que se poderá entender a ideia de comunicar o despedimento de 150 pessoas como solução única de viabilidade e dizer, aos media, que isso é apenas “uma hipótese teórica”, tentando desmentir os representantes dos trabalhadores.

A direção do Sindicato dos Jornalistas deposita total confiança nos delegados e nas delegadas sindicais e manifesta inteira solidariedade a estes representantes dos trabalhadores, colocando à disposição dos mesmos todos os nossos meios e recursos.

Em face de tudo isto, a atual administração devia retratar-se, garantir os postos de trabalho, agir em conformidade e pedir desculpa ao Sindicato dos Jornalistas pelas garantias que não vai cumprir, aos potenciais investidores por usaram o nome do World Opportunity (WO) em vão ao anunciar um projeto de investimento para o qual, aparentemente, não tinham apoio ou por terem desbaratado a alegada vontade do WO de investir de forma séria num projeto que podia ser viável;  ainda ao presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a quem a administração do GMG apresentou um plano expansionista e cor de rosa há menos de 15 dias e agora anuncia um despedimento coletivo de 1/3 dos trabalhadores.

O Sindicato dos Jornalistas coloca-se à disposição dos jornalistas da empresa, manifesta a sua solidariedade e disponibiliza-se para a colaboração necessária. Lembra também o Sindicato dos Jornalistas que os jornais e as rádios são feitos com jornalistas, não são feitos do vazio.

 

 

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