RSF divulga índice mundial da liberdade de imprensa 2006

A organização Repórteres Sem Fronteiras divulgou o seu índice mundial de liberdade de imprensa, no qual é visível uma tendência para a manutenção dos países onde este direito é menos respeitado: Coreia do Norte, Eritreia, Turcomenistão, Cuba, Birmâmia e China. O índice é liderado pela Finlândia, Irlanda, Islândia e Países Baixos. Portugal surge na décima posição.

Portugal subiu 13 posições em relação a 2005, ocupando agora o 10º lugar, ex-aequo com três dos mais recentes Estados-membros da União Europeia: Eslovénia, Hungria e Letónia.

Entre os restantes países de língua portuguesa, à excepção de Moçambique e da Guiné-Bissau, todos desceram algumas posições no índice. Cabo Verde e Moçambique partilham agora o 45º lugar, a Guiné-Bissau ascendeu ao 62º, o Brasil é 75º, Timor-Leste ocupa o 83º e Angola é 91ª. São Tomé e Príncipe não consta do índice.

O índice reporta ao período entre 1 de Setembro de 2005 e 1 de Setembro de 2006, baseando-se nos dados recolhidos por um questionário com 50 perguntas, elaborado pela RSF e preenchido por grupos de defesa da liberdade de expressão, correspondentes da RSF, jornalistas, investigadores, juristas e activistas dos direitos humanos.

Nos primeiros lugares continuam países europeus, como a Finlândia, a Irlanda, a Islândia e os Países Baixos, sendo que a Dinamarca – uma das líderes em 2005 – teve uma descida de 18 posições devido a ameaças contra jornalistas e cartunistas na sequência da polémica das caricaturas de Maomé.

Porém, nos países ocidentais não foi só a Dinamarca que conheceu uma descida importante no índice, uma vez que a França (35º) e os EUA (53º) continuam a rota descendente dos últimos anos, caindo cinco e nove lugares, respectivamente.

Em França, o aumento das buscas a redacções e casas de jornalistas foi um dos principais motivos da queda, enquanto nos EUA se revelaram preocupantes a condenação do jornalista freelance Josh Wolf e o deteriorar das relações entre os média e o governo, depois de George W. Bush ter invocado a “segurança nacional” para justificar suspeitas contra os jornalistas que questionassem a sua “guerra ao terrorismo”.

O comportamento dos EUA fora do seu território vale-lhes ainda um 119º lugar, em grande parte devido ao seu papel no Iraque, país que detém o triste recorde de jornalistas assassinados e que ocupa o 154º posto entre 168 países, devido à situação de guerra em que vive.

A guerra é aliás uma das principais responsáveis pela destruição da liberdade de imprensa, tendo provocado descidas acentuadas de países como o Líbano, perdeu 51 posições e é agora 107º, ou o Sri Lanka, que é 141º, com uma descida de 26 lugares – no índice deste ano.

Porém, para provar que nem tudo é negativo e que países menos desenvolvidos podem gozar de liberdade de imprensa, a Bolívia entrou pela primeira vez no top 20, ocupando agora o 16º lugar, enquanto o Gana subiu 32 posições até ao 34º posto e o Panamá está no 39º, uma subida de 27 lugares em relação a 2005.

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