PT fechou redacção da “Notícias Magazine” no Porto

A Portugal Telecom (PT) encerrou a redacção no Porto da “Notícias Magazine” e despediu os quatro jornalistas que a constituíam e continua a exercer pressões inaceitáveis para a rescisão de contratos no “24 Horas” e no “Jornal de Notícias”. Ao mesmo tempo promove a imagem de uma empresa com preocupações sociais.

Em comunicado, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) lamenta a insensibilidade do Grupo PT face à campanha de mobilização cívica pela preservação da redacção do Porto da “Notícias Magazine”. O mesmo grupo mantém há quatro meses isolados da redacção um grupo de jornalistas do “24 Horas” e retomou a pressão visando as dispensas selectivas na redacção do “Jornal de Notícias”. O SJ apela à intervenção dos ministérios do Trabalho e da Economia para pôr fim a esta situação degradante.

O SJ apela também à Comissão de Assuntos Constitucionais da Assembleia da República para analisar as actuais condições do exercício do jornalismo em Portugal.

É o seguinte o texto integral do comunicado do Sindicato dos Jornalistas:

MARKETING POUCO SOCIAL NA LUSOMUNDO/PT

1. “O Grupo Portugal Telecom acaba de consumar o encerramento da Redacção do Porto da revista “Notícias Magazine” e o despedimento dos seus jornalistas, ao mesmo tempo que mantém quatro profisisionais do diário “24 Horas” numa situação de assédio moral e volta a pressionar jornalistas do “Jornal de Notícias” com “propostas” de rescisão.

2. “Cega e surda aos apelos de um amplo movimento social, cultural e cívico que, em Dezembro, exortou o grupo a manter a Redacção do Porto da “NM”, a Lusomundo Media, participada do Grupo PT, insistiu em silenciar uma equipa de profissionais que esteve na origem e contribuiu para o êxito da revista.

3. “Insensível ao futuro profissional dos trabalhadores ao seu serviço, a Lusomundo Media/PT não cuidou de lhes encontrar qualquer alternativa, limitando-se a negociar indemnizações pelo seu despedimento, em virtude do encerramento da Redacção no Porto da “NM”.

4. “O Sindicato dos Jornalistas reconhece que a luta empreendida permitiu protelar por três meses as intenções da empresa, que pretendia ter encerrado aquela Redacção em Dezembro, e subir as indemnizações negociadas.

5. “Mas, recordando que o direito dos trabalhadores é terem trabalho, o SJ manifesta a sua profunda preocupação com a atitude da PT face às suas obrigações sociais, sobretudo numa altura em que as suas campanhas de imagem procuram vender a ideia de preocupação social.

6. “Ao marketing social empreendido pela PT opõem-se, de facto, manifestações de enorme insensibilidade, como demonstra a situação em que se encontram quatro jornalistas do diário “24 Horas”.

7. “Apesar das denúncias públicas e não obstante várias intervenções da Inspecção-Geral do Trabalho, quatro profissionais encontram-se isolados, desde Dezembro, em instalações à parte da sua Redacção, com a qual já não têm sequer contacto por correio electrónico.

8. “Aqueles jornalistas encontram-se ainda completamente desocupados, o que, além de ilegal e inaceitável, representa uma forma de degradar o seu prestígio profissional e aprofundar um quadro psicológico tendente a forçá-los a aceitar a rescisão dos respectivos contratos de trabalho que reiteradamente lhes tem sido “proposta”.

9. “Ao mesmo tempo, o grupo Lusomundo Media/PT retomou a ofensiva no “Jornal de Notícias”, ainda que de forma menos ostensiva, com vista à rescisão do contrato com vários jornalistas que pretende dispensar selectivamente, causando-lhes desgaste psicológico e afectando a sua imagem profissional.

10. “O Sindicato dos Jornalistas exorta publicamente os Ministérios da Solidariedade e do Trabalho e da Economia a intervirem rapidamente, para que seja posto cobro a esta situação degradante.

11. “O SJ exorta a Portugal Telecom a alterar o seu compartamento matéria social e apela à Comissão de Assuntos Constitucionais da Assembleia da República para que analise as actuais condições de exercício do jornalismo, actividade que desempenha um papel estruturante no direito à informação.”

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