Os trabalhadores da TSF, reunidos em plenário, no dia 1, rejeitaram as explicações dadas no dia anterior pelo presidente do Conselho de Administração (CA) da Lusomundo Media à comissão de representantes e decidiram prosseguir os contactos institucionais para dar conta da situação que se vive na empresa.
A comissão de representantes dos trabalhadores da TSF foi recebida, a 31 de Julho, pelo presidente do CA da Lusomundo Media, Henrique Granadeiro, a quem apresentou as preocupações dos trabalhadores quanto ao seu futuro e ao projecto da empresa.
Na reunião, o administrador reafirmou a intenção da empresa em proceder a uma redução de custos na ordem dos “23 a 30 por cento”, bem como a de despedir trabalhadores, referindo que a hipótese de rescisões “não está fora de causa”. Questionado pelos trabalhadores, o presidente do CA afirmou que “se houver despedimentos será por mútuo acordo e será um processo aberto”.
Quando ao número dos trabalhadores a despedir no universo TFS, DN e JN, o responsável da Lusomundo Media garantiu que “nunca disse que era preciso despedir 90 pessoas”.
As explicações do presidente do CA não convenceram os trabalhadores, reunidos em plenário a 1 de Agosto, que decidiram prosseguir as suas diligências junto de órgãos institucionais, na defesa dos postos de trabalho e do projecto da TSF.
Durante o plenário, a comissão de representantes informou ainda os trabalhadores dos resultados das reuniões efectuadas com os grupos parlamentares do PS, PCP, Bloco de Esquerda, PSD e do CDS-PP.
É o seguinte o teor dos comunicados, na íntegra, divulgados a 31 de Julho e 1 de Agosto pela comissão de representantes dos trabalhadores da TSF:
COMUNICADO
“O grupo representativo do plenário dos trabalhadores reuniu-se, a seu pedido, com o presidente do Conselho de Administração (CA) da Lusomundo Media, GRUPO PT, quinta-feira dia 31 de Julho.
“O presidente do CA manifestou estranheza pelo facto deste grupo ter mantido contactos institucionais, nomeadamente com a Presidência da República, antes de qualquer reunião com a Administração. Reforçou a disponibilidade que tem mantido para o diálogo lembrando anteriores contactos com o Conselho de Redacção.
“Neste contexto e por iniciativa própria, o presidente do CA sublinhou que os trabalhadores “têm a bomba atómica que é a greve e eu tenho o despedimento colectivo” mas considerou que neste momento a situação dispensa “artilharia tão pesada”.
“O grupo representativo dos trabalhadores explicou que os contactos institucionais mantidos foram decididos em plenário e que a realização dos mesmos apenas foi possível de uma forma tão rápida porque houve uma disponibilidade imediata da Presidência da República, da Presidência da Assembleia da República e dos grupos parlamentares.
“O presidente do CA garantiu uma vez mais que a redução de custos é uma realidade incontornável e que ainda não é possível concretizar para além da previsão na ordem dos 23 a 30 por cento. Reafirmou que a variação deste intervalo mantém-se dependente de questões de ordem editorial já expressas no comunicado do Conselho de Redacção, depois da reunião de dia 28 de Julho. Sublinhou no entanto que “a duração dos noticiários standard era um problema menor” e que a variação do intervalo na ordem de grandeza depende substancialmente da “duração do noticiário da meia- noite” e “dos meios implicados no desporto”.
“Sobre esta redução de custos, o presidente do CA voltou a falar na necessidade de despedimentos, referindo que a hipótese de rescisões “não está fora de causa”. Questionado pelos trabalhadores sobre a forma como pretende conduzir este processo, o presidente do CA afirmou que “se houver despedimentos será por mútuo acordo e será um processo aberto”. Quanto ao número de trabalhadores a despedir no grupo TSF, DN e JN, fez questão de afirmar que “nunca disse que era preciso despedir 90 pessoas”, ao contrário do que garantiu ao CR na reunião de 24 de Julho. No que diz respeito à TSF, o presidente do CA sustenta-se numa convicção pessoal admitindo que “provavelmente admissões terá que haver, despedimentos terá que haver”.
“Quanto à nova grelha, e ainda em relação à saída de pessoas, o presidente do CA destacou que “a função informativa é nuclear e portanto é onde queremos roer as unhas para não cortar muito”. “Ao nível da informação temos os melhores, no desporto se calhar também temos, na animação não sei”.
“Sobre as implicações de eventuais dispensas no sector da animação, o presidente do CA referiu que cabe ao novo director “fazer a afinação. A música não é uma muleta, tem de ser uma ponte entre dois momentos informativos… não sei se com aqueles ou outros animadores”. Ainda neste sector, disse também “estou convencido que não há material humano para evitar contratações. Se calhar estão lá mas a trabalhar no conceito errado”.
“No sector técnico, o presidente do CA sublinhou que pretende “melhorar e muito os meios técnicos”, não fazendo qualquer referência a mudanças de fundo ou concretizando qualquer saída do sector.
“Em relação à nova grelha, o presidente do CA reafirma que este é o timing para intervir porque a rádio está num bom momento em termos de audiências e diz que o novo projecto assenta num “trabalho de segmentação de público” definindo três objectivos:
-“Fidelizar o público onde já somos lideres, classes A, B, C1 dos 24 aos 54 anos”, referindo-se a estes segmentos como “a nossa coutada sagrada”;
-“Não podemos permitir o zapping” numa alusão ao estudo que indica que os ouvintes mudam de estação depois dos noticiários;
– “Captar novos públicos na direcção dos jovens e das mulheres”.
“Sobre este último ponto, o presidente do CA definiu a estratégia para alcançar as mulheres, “através da informação e da música” e os jovens “através da programação”. Admitindo sempre que o público-alvo da TSF “poderá deixar de ser o A, B, C1” em exclusivo.
“Questionado sobre uma eventual incoerência na antena por causa da estratégia de alargamento do público-alvo, o presidente do CA garante que “nunca haverá uma rádio de dupla personalidade”, não será “uma rádio esquizofrénica”.
“Neste encontro, o presidente do CA fez questão de cumprimentar a forma como, apesar dos problemas internos, os trabalhadores da TSF têm conseguido distinguir “o serviço do conhaque e têm sabido manter o nível de qualidade na Informação”.
Ana Bravo
André Tenente
Artur Carvalho
Cristina Santos
Gonçalo Villas-Bôas
Teresa Dias Mendes
ENCONTRO COM GRUPOS PARLAMENTARES
“Registámos com agrado a disponibilidade dos grupos parlamentares do PSD e do CDS/PP em receber o grupo que representa os trabalhadores que estiveram reunidos em Plenário no dia 28 de Julho de 2003.
“No encontro com o PSD, fomos recebidos pelo líder da bancada parlamentar do partido que partilhou das preocupações dos trabalhadores da TSF. Nesta reunião, Guilherme Silva sublinhou a disponibilidade do PSD para voltar a receber os trabalhadores.
“Quanto à reunião com o CDS/PP, fomos recebidos pelo deputado Nuno Melo. Neste encontro, o deputado manifestou também a disponibilidade para continuar a receber os trabalhadores e efectuar diligências no sentido de ajudar a clarificar as dúvidas dos mesmos.
“À semelhança dos encontros anteriores, nestas audiências os representantes dos trabalhadores da TSF-Rádio Notícias voltaram a dar conta, aos interlocutores, da preocupação e incerteza quanto aos riscos de alterações ao projecto TSF e quanto ao futuro dos postos de trabalho.
“O grupo que representa os trabalhadores reunidos em Plenário tem já agendados para segunda-feira, 4 de Agosto, um encontro com o gabinete do Ministro da Presidência.
“Os representantes do Plenário de Trabalhadores
Ana Bravo
André Tenente
Artur Carvalho
Cristina Santos
Gonçalo Villas-Bôas
Teresa Dias Mendes