O Futuro da Negociação Colectiva e a Organização no Jornalismo

Identificar ferramentas e métodos para reforçar a negociação colectiva no sector da comunicação social e avaliar e desenvolver estratégias e práticas sindicais para a negociação colectiva foi o objectivo do seminário “O Futuro da Negociação Colectiva e a Organização no Jornalismo”, organizado em Berlim pela Federação Europeia de Jornalistas (FEJ) e pelo Departamento de Educação do Instituto Sindical Europeu para a Investigação, a Educação, a Saúde e a Segurança (ETUI-REHS).

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) esteve representado no encontro por João Dias Miguel, membro da direcção, que contribuiu para o debate juntamente com representantes de outros 16 países europeus. A reflexão partiu de alguns dados preocupantes como a diminuição da densidade sindical no sector, o aumento dos jornalistas em situação precária ou a maior hostilidade dos patrões para com os sindicatos e a negociação colectiva.

No final, as conclusões do seminário organizaram-se em quatro grandes grupos: contexto industrial da organização, acordos internacionais, recrutamento e representação colectiva e estratégias de informação e comunicações.

No que respeita ao contexto industrial da organização, sugeriu-se que os sindicatos nacionais revissem as suas estruturas e estratégias de modo a adaptarem-se melhor às mudanças na natureza do trabalho, nas relações de trabalho e nas estruturas de propriedade dos meios, enquanto a FEJ foi aconselhada a dar mais apoio aos sindicatos e promover a solidariedade internacional, bem como a divulgar exemplos de boas práticas sindicais e de acções de luta inovadoras na sua rede.

Apelou-se ainda a que a campanha “Stand Up for Journalism”, a realizar por toda a Europa no dia 5 de Novembro, seja usada para denunciar governos e patrões que não respeitem os direitos laborais e a liberdade jornalística.

Em relação aos acordos internacionais, os sindicatos concordaram que é necessário repensar a interacção entre sindicatos para fazer face à nova realidade de grupos de média transnacionais e aproveitar as oportunidades que eventuais acordos internacionais podem abrir no que respeita ao desenvolvimento do diálogo social e dos próprios sindicatos.

Para fazer face aos problemas de recrutamento e de representação colectiva, foi definida a necessidade de criar estratégias específicas para cativar jornalistas jovens, mulheres e freelancers, bem como de reforçar os contactos com escolas e centros de formação em jornalismo e apoiar estratégias de protecção dos direitos de autor da classe.

Quanto às estratégias de informação e comunicações, a prioridade deve ser dada ao estabelecimento de redes efectivas e duradouras de contacto entre sindicatos, que troquem informações úteis e actualizadas sobre condições de trabalho, salários e relações industriais.

Os sindicatos foram ainda instados a construir novas coligações – com outros sindicatos, com o público em geral e com movimentos políticos e sociais – que ajudem a mudar ideias erradas que existem sobre o sindicalismo.

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