O Dia Mundial da Rádio e as mulheres

O presidente do Sindicato dos Jornalistas, Alfredo Maia, propôs hoje que não nos limitemos a fazer a evocação formal do Dia Mundial da Rádio, pois é necessário reflectir na “imensa tarefa de transformação que ainda está por levar a cabo” no respeito pelos direitos das jornalistas e outras profissionais do sector.

Participando num conjunto de depoimento recolhido pela Associação das Rádios de Inspiração Cristã (ARIC) para ser distribuído pelas suas associadas, assinalando o Dia Mundial da Rádio, instituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), Alfredo Maia afirmou:

Começo por agradecer à Associação de Rádios de Inspiração Cristã o amável convite para participar nesta feliz iniciativa com que a ARIC assinala o Dia Mundial da Rádio.

Instituída pela UNESCO, esta jornada mundial convoca-nos a reflectir sobre a importância, o papel e as missões deste insubstituível meio de comunicação de massas.

Apesar dos enormes e indiscutíveis progressos técnicos e tecnológicos que colocam hoje ao nosso serviço outros meios, porventura mais globais, a rádio continua a ser o mais rápido, o mais instantâneo e o mais democrático de todos quantos permitem a comunicação e em larga escala.

Mas também é um instrumento vital de aproximação e de partilha nas pequenas comunidades, como é o caso das rádios locais, que saúdo de um modo especial.

Ao permitir a escuta por largas camadas de população – e estima-se que 90% da população mundial oiça rádio diariamente – quaisquer que sejam as suas ocupações, habilitações e condições económicas e sociais, onde quer que se encontrem, a rádio permite a todos o acesso à informação, à cultura, ao entretenimento e mesmo à educação.

Em situações de catástrofe, a radiodifusão é mesmo a única via para garantir o aconselhamento às populações, ultrapassando a distância e as dificuldades dos meios de socorro e minimizando o isolamento dos aflitos.

Na solidão daqueles que viajam, mas sobretudo na solidão daqueles que passam horas, ou mesmo dias e semanas inteiros sozinhos, privados da visita de familiares e amigos, a rádio é a companhia que leva o conforto da palavra e a partilha solidária do pulsar da existência humana.

Este ano, a UNESCO dedica o Dia Mundial da Rádio às mulheres – precisamente aquelas que sofrem tantas vezes da maior solidão, não apenas em aldeias recônditas, mas também no silêncio despovoado de humanidade das grandes cidades, onde a sua singular multiplicidade de funções na sociedade aconselha um olhar mais atento às suas necessidades e expectativas como ouvintes e como cidadãs.

Neste dia, gostaria de saudar especialmente as mulheres trabalhadoras e, de um modo muito particular, as jornalistas e outras profissionais da rádio.

Num universo profissional cada vez mais feminino, as mulheres têm vindo a afirmar a sua enorme capacidade de trabalho e a sua imensa generosidade, contribuindo para importantes transformações na paisagem mediática e para o aprofundamento da cultura de valores e da ética da tolerância.

Infelizmente, porém, nem sempre os seus direitos são devidamente respeitados, subsistindo sérias dificuldades e até violações de garantias designadamente quanto a horários adequados às suas funções e responsabilidades, nomeadamente como mães.

Neste dia, gostaria que não fizéssemos apenas uma evocação formal, mas sim uma reflexão profunda sobre a imensa tarefa de transformação que ainda está por levar a cabo.

Lei mais sobre o Dia Mundial da Rádio

Partilhe