Newsweek pede desculpas por artigo sobre profanação do Corão

A revista semanal norte-americana “Newsweek” pediu desculpas públicas, a 16 de Maio, por ter publicado um artigo de 299 palavras em que refere a alegada profanação do Corão, livro sagrado islâmico, na prisão de Guantanamo, em Cuba, por parte das tropas dos EUA.

A divulgação do artigo pela revista a 2 de Maio causou violentos protestos no Afeganistão, dos quais resultaram 15 mortos e cerca de 120 feridos, o que levou o chefe de redacção da “Newsweek”, Mark Whitaker, a considerar que os muçulmanos extremistas terão utilizado a peça para “fomentar motins”.

Face ao sucedido, a revista começou por se retractar através de um artigo, mas acabou por fazer um pedido de desculpas público, reconhecendo que a publicação se enganara ao publicar a informação, baseada numa fonte “antiga e fiável”. Mesmo assim, o Pentágono decidiu abrir um inquérito para esclarecer o assunto.

A reportagem explicava que guardas prisionais da base norte-americana de Guantanamo colocaram o Corão nas sanitas da prisão para humilhar os detidos e, segundo a revista, Michael Isikoff, autor do trabalho, baseou-se numa fonte conhecida, tendo tido o cuidado de “mostrar o artigo a um responsável do Pentágono muito bem colocado antes de o publicar”.

O pedido de desculpas da “Newsweek” teve lugar depois de o governo dos Estados Unidos ter dito que a informação prejudicou a imagem do país no exterior. Também a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, qualificou de “desastroso” o impacto do artigo, embora sem esclarecer se os factos nele relatados correspondem ou não à verdade.

Entretanto, a 17 de Maio, o porta-voz presidencial afegão Jawed Ludin considerou a retractação da “Newsweek” como “positiva”, mas afirmou que gostaria de ver a revista ser “responsabilizada pelos estragos que causou com a sua história”.

Este caso, que afecta claramente a reputação da revista, acontece depois de em Abril ter sido revelado um estudo do Pew Research Center que indicava que os norte-americanos acreditam cada vez menos na imprensa. No caso da “Newsweek”, a desconfiança dos leitores tinha aumentado de 15 por cento, em 1985, para 37 por cento, em 2004.

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