O Sindicato dos Jornalistas (SJ) tomou conhecimento com profundo pesar do falecimento, a 15 de Dezembro, no Hospital de Santa Marta, em Lisboa, do jornalista Carlos Pinto Coelho, vítima de complicações cardíacas.
Nascido em Lisboa a 18 de Abril de 1944, Carlos Pinto Coelho viveu a sua infância e adolescência em Moçambique, tendo regressado a Portugal na década de 60 para estudar Direito na Universidade de Lisboa.
Em 1968, ainda antes de concluir o curso superior, iniciou-se no jornalismo, ao serviço do “Diário de Notícias”, onde permaneceu até Abril de 1975, altura em que apresentou a demissão por recear ser alvo de saneamento. Foi depois um dos fundadores do “Jornal Novo” e, até 1977, trabalhou como redactor da agência noticiosa ANI, correspondente em Portugal da rádio alemã Deutsche Welle e jornalista da revista Vida Mundial.
Foi ainda director-executivo da revista Mais e colaborou com a TSF, a Rádio Comercial e a Antena 1, entre outros órgãos de comunicação social.
Contudo, o jornalista ficou conhecido sobretudo pelo seu trabalho na RTP, onde foi chefe de redacção do “Informação 2” (1978), director de programas (1986-1989), director de Cooperação e Relações Internacionais (1989-1991) e apresentador de blocos noticiosos e do magazine cultural diário “Acontece”, este último durante cerca de uma década.
O cancelamento do emblemático programa televisivo em 2003, após uma polémica com o ministro da presidência Nuno de Morais Sarmento, do PSD, foi muito contestado, mas Carlos Pinto Coelho recusou-se a alimentar a polémica e optou por adaptar o formato à rádio, acabando por publicar, anos mais tarde, o livro de entrevistas “… Assim Acontece na Rádio” (2007).
Porta-voz do projecto Telecinco – que concorreu à quinta licença de canal televisivo em Portugal, que não chegou a ser atribuída –, Pinto Coelho regressou recentemente de forma discreta aos ecrãs da RTP, colaborando em particular com a RTP Memória, estação para a qual estava a preparar um programa quando sofreu o ataque cardíaco que o veio a vitimar.
Fotógrafo amador, como fazia questão de frisar, expôs os seus trabalhos por diversas vezes em galerias de Lisboa, Sintra, Estoril, Vila Franca de Xira, Tomar, Matosinhos, Espinho ou Albufeira, só para dar alguns exemplos, e publicou os álbuns “A meu ver” (1992) e “De tanto olhar” (2002).
Foi ainda professor de jornalismo na Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Tomar e assumiu cargos como o de membro do Conselho de Administração da Europa TV, além de representar a RTP na União das Rádios e Televisões Nacionais de África ou na Organização das Televisões Iberoamericanas.
Comendador da Ordem do Infante D. Henrique (2000), pelos serviços prestados à cultura em Portugal, e oficial da Ordem das Artes e Letras (2009), condecoração atribuída pelo Ministério da Cultura de França, Carlos Pinto Coelho foi também distinguido com o Prémio Bordalo na categoria de Televisão (1995) e com o Grande Prémio Gazeta (1997).
Carlos Pinto Coelho era sócio do SJ desde 1969, com o nº 175. Fez parte da Comissão organizadora do 1.º Congresso dos Jornalistas Portugueses.
Alfredo Maia, Presidente do SJ, lamentando a morte do camarada de profissão, afirmou que “Carlos Pinto Coelho foi um dos jornalistas portugueses mais marcantes e a quem o jornalismo e a cultura ficam em dívida. Entre outros méritos, conseguiu para a informação cultural um importante espaço entre os interesses do grande público”.
O dirigente do SJ sublinhou ainda que Carlos Pinto Coelho “era um profissional que exercia o jornalismo com alegria, entusiasmo e paixão contagiantes”, e lembrou que ele “foi vitima da injustiça nunca reparada da extinção do seu magnífico programa Acontece.”
O corpo de Carlos Pinto Coelho estará em câmara ardente a partir das 20h00 de hoje, 16 de Dezembro, no Palácio Galveias, em Lisboa. O funeral sai às 17h30 de sexta-feira, 17, em direcção ao Cemitério dos Olivais, onde haverá uma cerimónia às 18h30.
A Direcção do SJ apresenta as mais sentidas condolências aos familiares e amigos do camarada de profissão agora desaparecido.