Na morte de Afonso Serra

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) tomou conhecimento com profundo pesar do falecimento de Afonso Serra, aos 96 anos, após quarenta anos dedicado ao ofício, do qual se reformara em 1979, mantendo contudo uma ligação às estruturas associativas da classe.

Nascido na Figueira da Foz a 16 de Maio de 1914, Afonso Serra iniciou-se nas redacções com 22 anos, ocupando o cargo de revisor no jornal católico “Novidades”.

Neste órgão, onde transitou para o jornalismo propriamente dito um ano depois de ter entrado, Afonso Serra permaneceria 36 anos, só o trocando pelo diário “A Capital”, em 1968.

Numa altura em que não existiam escolas ou faculdades de jornalismo e se entrava no ofício por vocação, Afonso Serra herdou “o saber dos jornalistas do século XIX e o saber dos jornalistas do século XX”, como disse numa entrevista concedida a Fernando Correia e a Carla Baptista há seis anos, a 20 de Setembro de 2004, e publicada no livro “Memórias Vivas do Jornalismo”.

Detentor de título profissional desde 1944 (n.º 130), Afonso Serra sindicalizou-se em 1937 (n.º 9), foi membro da Direcção do Sindicato no biénio de 1955/56 (presidência de Alfredo Gândara) e secretário suplente da mesa da Assembleia-Geral nos biénios de 1964/65 e 1967/68.

Um dos últimos repórteres a ter acompanhado a guerra civil de Espanha, publicou os livros “Colectânea jornalística” (1965), “Um repórter em dois Continentes” (1968), “O Mundo no Lápis de um Repórter” (1974), “Antecedentes Longínquos do 25 de Abril” (1996), e, em co-autoria com Mário Branco, da História da Casa da Imprensa, instituição de que era sócio fundador na qual exerceu funções dirigentes.

Era aliás nas assembleias gerais e noutras iniciativas da Casa da Imprensa, bem como em actos do seu Sindicato, que com frequência nos cruzávamos com Afonso Serra, cuja generosidade associativa se estendeu também ao Clube de Jornalistas, do qual foi também fundador e dirigente.

De todos esses momentos, guardamos a grata recordação de um homem de uma afabilidade imensa e do camarada cujo sorriso infinito saudava os dirigentes e os funcionários desta casa.

O corpo do jornalista está na capela de Santa Joana Princesa, em Lisboa, a partir das 19 horas de hoje, seguindo para o Cemitério do Lumiar na sexta-feira, dia 22, pelas 15 horas, logo após a celebração da missa de corpo presente.

A Direcção do SJ apresenta as mais sentidas condolências aos familiares e amigos do camarada de profissão agora desaparecido.

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