Mais dois jornais encerrados por causa de cartoons

A publicação dos desenhos do profeta Maomé numa publicação russa e numa publicação saudita levaram ao encerramento de ambas, num caso por decisão da administração, no outro por ordem verbal das autoridades.

Na cidade de Vologda, no noroeste da Rússia, Mikhail Smirnov, dono do semanário “Nash Region”, optou por encerrar o título depois da procuradoria regional ter aberto um processo contra o jornal pela publicação, a 15 de Fevereiro, de uma montagem que incluía partes dos cartoons de Maomé do “Jyllands-Posten”.

Esta decisão do proprietário do jornal tem um carácter temporário e visa impedir que os jornalistas sejam acusados de provocar sentimentos anti-muçulmanos, assim como amenizar a pressão das autoridades sobre a pequena redacção de três pessoas liderada por Anna Smirnova, que a 17 de Fevereiro foi acusada pela procuradoria regional de “incitar ao ódio”, algo que lhe poderá mesmo valer uma pena de prisão até cinco anos.

Este é o segundo caso de um jornal russo que é encerrado pela própria administração devido à publicação de caricaturas religiosas, o que segundo o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) representa “uma demonstração alarmante de autocensura sobre este e outros assuntos na imprensa russa”.

Em relação ao processo judicial iniciado pela procuradoria regional de Vologda contra o “Nash Region”, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) considera-o uma tentativa de intimidação à imprensa russa em geral, pois “as autoridades estão a dar o exemplo com este pequeno jornal upara enviar um aviso a todos os jornais”.

Semanário encerrado na Arábia Saudita

Na Arábia Saudita, as autoridades ordenaram verbalmente, a 20 de Fevereiro, o encerramento do semanário “Shams”, três semanas após este ter republicado três dos desenhos originais do “Jyllands-Posten”.

O editor do jornal que avançou a informação à Associated Press afirmou ainda que as imagens foram propositadamente desfocadas, que a edição foi aprovada pelo Ministério da Informação antes de ser distribuída e que o “Shams” apenas se limitou a seguir o conselho de um mufti (líder religioso) que apelou à publicação dos desenhos para “mostrar a sua fealdade e aumentar a fúria das pessoas”.

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