Jornalistas russos levam Putin ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

A Sociedade Contra o Terror e a Corrupção (SATCOR) apresentou uma queixa no Tribunal Europeu de Direitos do Homem, em Estrasburgo, contra o governo de Vladimir Putin, pela sua ineficácia no combate à corrupção que envolve redes mafiosas, poderosos industriais e burocratas governamentais que têm posto em perigo o jornalismo de investigação.

O processo foi entregue no tribunal na semana passada e tem o apoio da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), que prometeu tudo fazer para ajudar este grupo de jornalistas, advogados e activistas de direitos humanos a expor a penetração do crime nas estruturas estatais russas.

As investigações da SATCOR acerca destas actividades criminosas têm fornecido imenso material a jornalistas russos e estrangeiros, mas também provocaram intimidações, pressões e processos em tribunal contra diversos jornalistas.

Exemplo disso é o caso de Veniamin Striga, processado por difamação pelo magnata do alumínio Oleg Deripaska, o qual iniciou o processo na República da Cacássia (que ele próprio controla) e não em Moscovo, onde o jornalista vivia e onde o material que motivou o processo foi colocado num sítio Web.

Actualmente fora da Rússia, o jornalista diz que alguns dos seus contactos foram espancados por investigadores da Cacássia e que o Ministério dos Assuntos Internos e o Procurador-Geral da Rússia ignoraram os seus apelos na sequência de uma tentativa de rapto de que foi vítima.

“Este caso é um exemplo da profunda crise que os jornalistas enfrentam na Rússia, onde o jornalismo independente se tornou quase impossível dadas as ferozes intimidações de oligarquias criminosas e de autoridades corruptas”, diz Aidan White, secretário-geral da FIJ.

De acordo com a FIJ, um desses grupos criminosos que opera na Rússia é um clã conhecido como “A Família”, que inclui Valentin Yumashev, ex-chefe da administração de Boris Ieltsin, a sua mulher Tatyana Dyachenko (filha de Ielstin), o empresário Boris Berezovsky, ex-presidente-adjunto do Conselho de Segurança da Rússia, e Roman Abramovich, governador da região de Chukotka.

Também próximo deste grupo está o empresário israelita Mikhail Chernoy, que enfrenta acusações de lavagem de dinheiro em Israel.

Partilhe