Os 32 jornalistas ilegalmente despedidos de “O Primeiro de Janeiro” continuam sem receber os salários em atraso, designadamente o remanescente do mês de Junho e o mês de Julho completo.
Um grupo de mais de 15 jornalistas, acompanhados de outros trabalhadores de “O Primeiro de Janeiro” (administrativos, comerciais), deslocou-se hoje, 3 de Setembro, à administração da Fólio – empresa que detém o título –, no Porto, para questionar quando seria feito o pagamento dos ordenados em atraso, prometidos pela administração para o mês de Agosto, o que não se verificou.
Em comunicado divulgado após o encontro, os jornalistas informam que foram atendidos por uma secretária da administração que lhes disse que os salários seriam pagos nas próximas duas semanas. Uma promessa que não afasta os receios gerados por um despedimento ilegal, tanto mais que o processo continua por clarificar, não estando a ser cumpridos pela empresa os procedimentos legais, e que os jornalistas actualmente a assegurar a feitura do diário nortenho também já têm o pagamento do mês de Agosto em atraso.
Numa tentativa de esclarecer a situação, o deputado do PCP Honório Novo apresentou, a 2 de Agosto, dois requerimentos na Assembleia da Republica, sendo um dirigido ao Ministério do Trabalho e o outro ao Ministério do Ordenamento.
É o seguinte o comunicado, na íntegra, divulgados pelos jornalistas descartados:
COMUNICADO DOS JORNALISTAS
DESPEDIDOS DO JORNAL “O PRIMEIRO DE JANEIRO”
1 Mais de um mês volvido sobre o despedimento ilegal de 32 jornalistas de “O Primeiro de Janeiro” e mais alguns funcionários, a Administração do jornal ainda não pagou os salários em atraso aos trabalhadores, designadamente o remanescente do mês de Junho e o mês de Julho completo, conforme havia sido prometido por duas pessoas que actuaram como porta-vozes da administração.
2 Durante o dia de hoje foi feita mais uma tentativa de diálogo com a Administração. Um grupo de jornalistas – acompanhado por funcionários despedidos de outros sectores da empresa – deslocou-se às instalações da administração, na Rua de Santa Catarina, mas a resposta que obteve foi adiamento dos pagamentos. Refira-se que no dia em que foi anunciada a suspensão de “O Primeiro de Janeiro”, a então directora do jornal, Nassalete Miranda, garantiu aos jornalistas em plena redacção, e em nome da Administração, o pagamento das verbas em atraso.
3 A verdade é que as semanas passaram e do dinheiro devido aos jornalistas e restantes funcionários do jornal “O Primeiro de Janeiro” nem sinal. Esta situação tem originado diversos problemas financeiros, pessoais e até emocionais junto das pessoas afectadas, apanhadas num processo kafkiano em pleno mês de Agosto, e sem uma única palavra por parte da empresa, absolutamente insensível aos que durante anos colaboraram seriamente para que o porta-estandarte do grupo, o diário “O Primeiro de Janeiro”, fosse uma referência.
4 Referência que tem sido posta em causa com o jornal do mesmo título que tem saído para as bancas, e que é feito por jornalistas que continuam a receber os seus salários com semanas de atraso. Designadamente ainda não receberam o salário do mês de Agosto.
5 Uma vez mais, os jornalistas ilegalmente despedidos de “O Primeiro de Janeiro” e os restantes funcionários que se encontram na mesma situação apelam a todas as forças da cidade do Porto no sentido de questionarem as autoridades sobre uma situação altamente lesiva dos direitos dos trabalhadores, e da própria liberdade de imprensa, e inadmissível num Estado de Direito.
6 Neste sentido, os funcionários ilegalmente despedidos gostariam de agradecer a todos os que se mostraram solidários e assim defenderam os princípios da Lei e o cumprimento do Código de Trabalho.
Jornalistas despedidos do jornal “O Primeiro de Janeiro”
Porto, 3 de Setembro de 2008