Jornalismo online português está num “impasse”

Depois de uma fase de euforia em 1999 e 2000, o jornalismo online português tem vivido num “impasse”, considera o professor universitário e ex-jornalista Helder Bastos na sua tese de doutoramento “Ciberjornalistas em Portugal: Práticas, Papéis e Ética”, recentemente defendida – com sucesso – na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

O trabalho foi o primeiro do género sobre o jornalismo online feito em Portugal e, através de um inquérito a 67 jornalistas desses meios, Helder Bastos concluiu que os enquadramentos histórico, empresarial, profissional e formacional dos ciberjornalistas nacionais limitam as práticas, os papéis e os questionamentos de ordem ética.

Por exemplo, o “amadorismo a nível empresarial” ao nível regional não permite a evolução do ciberjornalismo e, mesmo a nível nacional, “nunca se conseguiu encontrar um modelo que desse para pagar os salários dos jornalistas”, embora essa situação possa ser alterada no futuro, uma vez que há “a percepção de que os mais jovens estão a ir para a Net”.

Em relação às práticas, Helder Bastos apurou que quase metade dos jornalistas raramente sai em reportagem e ocupa o seu dia a editar textos de agências noticiosas, sendo que a interactividade – “uma das imagens de marca do ciberjornalismo” – merece pouco tempo nas rotinas dos jornalistas dos meios online em Portugal.

A ausência de debate sobre questões éticas específicas dos meios online, como as ligações para outros sites, a ligação entre publicidade e informação e a legimitidade do uso de vídeos com direitos de autor oriundos de serviços como o YouTube, é outra das características do ciberjornalismo nacional.

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