Grevistas da Radio France denunciam pressões

Os jornalistas da Radio France, em greve desde 27 de Janeiro pela harmonização de salários com os da televisão pública, denunciaram ter sido alvo de pressões por parte dos directores de antena para que regressassem ao trabalho a 9 de Fevereiro.

Segundo a intersindical da Radio France, esta postura dos directores resulta de ordens da presidência do grupo e é “inadmissível”, pois o direito à greve está inscrito na Constituição francesa.

Os jornalistas, que votaram por unanimidade a continuação do protesto e cuja adesão à greve é superior a 90 por cento, receberam a 6 de Fevereiro um voto de solidariedade da Federação Europeia de Jornalistas (FEJ), que considera “chocante” que a direcção da estação e a tutela, o Ministério da Cultura, não acolham as reivindicações dos trabalhadores.

É que desde 1974 que todas as empresas do audiovisual público francês se regem por uma mesma convenção colectiva e que os salários dos jornalistas da rádio, que não são aumentados há sete anos, deviam ter sido equiparados aos dos da televisão.

Em 1994, após 17 dias de greve, o governo e a Radio France assinaram o “Plano Servat”, onde se previa que as disparidades fossem reexaminadas anualmente. Mas tal não acontece há quatro anos e, segundo a direcção da Radio France, o governo nem quer ouvir falar da equiparação dos salários da Radio France com os da France Télévision.

“Assistimos hoje por toda a Europa a forte crispação entre jornalistas e empregadores. Estes invocam a má conjuntura do sector dos media tradicionais para achincalhar o diálogo social e pôr em causa as conquistas”, lembrou a propósito Aidan White, presidente da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), qualificando aquela atitude de “intolerável, hipócrita e indigna” em relação à profissão.

Após recordar que “os nossos colegas da imprensa na Alemanha estão em greve há várias semanas, que sindicalistas gregos foram detidos há dias por exercerem a sua actividade, e que a BBC atravessa a mais grave crise da sua história”, Aidan White sublinhou que “a greve da Radio France vem agora juntar-se à lista de atentados à integridade do jornalismo na Europa”, alertando para que “estes bloqueios não auguram nada de bom para os valores de serviço público nem para a saúde das nossas democracias”.

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