FIJ e FEJ exigem libertação de jornalista detido em Espanha

Hamza Yalçin, que tem dupla nacionalidade, foi preso em Barcelona ao abrigo de um mandado internacional da Interpol por solicitação turca sob alegação de conspiração terrorista.

A Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) e a Federação Europeia de Jornalistas (FEJ) exigem que as autoridades espanholas libertem o jornalista sueco-turco Hamza Yalçin, detido no aeroporto de El Prat, em Barcelona, no passado dia 3, ao abrigo de um mandado internacional da Interpol, sob pedido da Turquia. Os turcos alegam que Yalçin terá participado numa “conspiração terrorista”.

Philippe Leruth, presidente da FIJ, afirmou: “Apelamos ao Supremo Tribunal da Espanha e ao seu governo no sentido de que libertem o jornalista Hamza Yalçin e não o entreguem às autoridades turcas. Em função da repressão extrema contra vozes independentes levada a cabo pelo Executivo de Recip Erdogan, receamos pela segurança e pelo respeito dos direitos democráticos do nosso companheiro de trabalho e avaliamos estas acusações de terrorismo como mais um pretexto para perseguir a imprensa livre e crítica na Turquia.”

Entretanto, segundo a FIJ, a ministra sueca dos Negócios Estrangeiros, Margot Wallström, solicitou autorização para visitar Yalçin, de 59 anos, em Barcelona, além de explicar que é advogada e está a trabalhar para que o processo seja clarificado.

Para Mogens Blicher Bjerregard, presidente da FEJ, esta é uma notícia positiva. “É bom que a ministra esteja envolvida e que tenha dirigido às autoridades espanholas um pedido no sentido de que conduzam o processo de acordo com as leis humanitárias internacionais como, por exemplo, a Convenção para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais”, disse.

“Juntamos a nossa voz à das diversas organizações que pediram às autoridades espanholas para rejeitarem o pedido de extradição, manifestamos solidariedade com os nossos camaradas na Turquia e que estejam a viver no exílio. A União Europeia e os seus estados-membros não podem permitir que o governo de Erdogan persiga os seus críticos, em especial quando estes vivem no estrangeiro”, acrescentou Bjerregard.

A FIJ cita a agência turca Dogan que revelou a existência de um mandado de detenção das autoridades turcas para Yalçin desde abril, uma vez que o jornalista teria ligações a um grupo ilegal de extrema-esquerda. Segundo a Turquia, este relacionamento estaria explicado com base em dois artigos publicados pelo jornalista como diretor da revista Odak Dergisi. Além disso, Yalçin é também acusado de “insultar o presidente da Turquia em artigo publicado na revista Focus”.

Desde 1984 que Yalçin, membro da Associação Sueca de Escritores e ligado à Amnistia Internacional, vive exilado na Suécia e dirige a Odak Dergisi, “uma revista de inspiração socialista e crítica do governo turco”.

Indica a FIJ que a Turquia dispõe de 40 dias para submeter a acusação e pedir a extradição do jornalista, cabendo a decisão sobre o assunto ao Supremo Tribunal de Espanha, embora seja o governo de Mariano Rajoy a dispor “da última palavra” acerca da situação.

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