FIJ critica impunidade da Arábia Saudita no assassínio do jornalista Jamal Khashoggi

Organização pediu investigação internacional independente ao crime e instou os diversos países a rejeitarem cooperação com a Arábia Saudita enquanto não forem detidos os assassinos.

A Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) criticou a impunidade de que goza a Arábia Saudita, depois de ter sido confirmado que foram as autoridades sauditas a decidir o “brutal assassínio” do jornalista Jamal Khashoggi no consulado do país em Istambul.

A FIJ considerou “grotesca” a impunidade dos sauditas, que demoraram dias até reconhecerem que o assassínio de Khashoggi estava decidido quando este se deslocou ao consulado para tratar de documentos relativos ao seu casamento. Só é comparável, considerou a FIJ, com “a forma como inúmeros governos aceitaram e colaboraram com as manobras de disfarce que foram desenvolvidas para tentar esconder o envolvimento da Arábia Saudita no crime”.

E uma questão direta foi colocada pelos dirigentes da FIJ: “A União Europeia e os Estados Unidos aplicaram sanções à Rússia e à Venezuela por alegações de crimes patrocinados pelo Estado. Por que razão não o fazem neste caso?”.

Jamal Khashoggi, contestatário do regime saudita que vivia nos Estados Unidos e trabalhava para o jornal Washington Post, desapareceu depois da visita ao consulado em Istambul no dia 2 de outubro. A noiva deu o alarme e as autoridades turcas reagiram de imediato, afirmando disporem de elementos que demonstravam que Jamal Khashoggi fora assassinado dentro do consulado. Enquanto os sauditas negavam e diziam que o jornalista saíra pelo seu próprio pé do consulado, os turcos exigiram entrar no consulado, mas só quase duas semanas depois do crime puderam fazê-lo, acompanhados por uma equipa de investigadores sauditas.

Depressa foram encontrados vestígios que confirmavam as suspeitas de crime e o presidente turco, Recep Erdogan, lançou diversas acusações aos sauditas. Estes afirmaram que Khashoggi morrera durante confrontos físicos, mas depois reconheceram que se tratara de uma morte na sequência de uma “operação não autorizada” pelas autoridades. Erdogan exigiu que a equipa de 18 assassinos que entrara na Turquia para liquidar o jornalista fosse extraditada para julgamento pelas autoridades turcas, mas não viu atendida a sua exigência.

Entretanto, Yasin Aktay, assessor da presidência turca, reafirmou a tese da Porcuradoria, baseada nas mais recentes provas: “O corpo do jornalista foi desmembrado e dissolvido” de modo a que pudessem ver-se livres dele com mais facilidade.

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