FBI quer aceder a arquivos de jornalista falecido

A família de Jack Anderson, colunista e jornalista de investigação falecido a 17 de Dezembro de 2005, contestou um pedido inédito do FBI para procurar informação nas 188 caixas que contêm o arquivo documental de Anderson.

Os familiares consideram que, se Jack Anderson fosse vivo, não acederia ao pedido do FBI, pelo que “para honrar a sua memória e os seus desejos, a família sente-se obrigada a fazer o mesmo”.

O FBI pretende revistar as caixas em busca de informação relacionada com o caso do American Israel Public Affairs Committee (AIPAC), em que dois antigos lobbistas são acusados de violar o Espionage Act por receberem documentos secretos, mas não se coibiu de dizer que, se encontrasse mais informação secreta, ainda que não relacionada com o caso, também a iria retirar do acervo documental de Jack Anderson.

“Exerço advocacia há mais de 25 anos e, de longe, esta é a tentativa mais arrepiante de exercício da autoridade governamental a que assisti ou de que ouvi falar”, afirma o advogado Lee Levine, sócio do escritório que está a defender a família Anderson.

Os familiares temem que a remoção de informação secreta destrua o valor histórico, político e cultural do arquivo de Jack Anderson, que ao longo da sua carreira escreveu sobre casos tão polémicos quanto as alegadas ligações à Mafia de J. Edgar Hoover (director do FBI entre 1924 e 1972), o Watergate, o assassinato de Kennedy, planos da CIA para assassinar Fidel Castro ou o escândalo Irão-Contra.

O acesso do FBI aos dados recolhidos por Jack Anderson durante anos poderia ainda desvendar as suas fontes e, eventualmente, trazer-lhes problemas legais. Além disso, a família e os colegas de trabalho do jornalista não se lembram deste ter feito contactos significativos com o AIPAC, nem de nunca ter escrito sobre este, receando que este motivo seja uma mera desculpa para vasculhar o vasto arquivo de Anderson, que foi distinguido com o Pulitzer de Reportagem Nacional em 1972.

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