O Comissário dos Direitos Humanos do Conselho da Europa, Thomas Hammerberg, defendeu a existência de um novo diálogo no jornalismo europeu, com vista a contrariar a crise que afecta o sector a nível de direitos dos profissionais da comunicação.
No âmbito de um encontro realizado no Centro Internacional de Imprensa, em Bruxelas, Hammerberg destacou a gravidade do desrespeito pelos direitos dos jornalistas no Azerbaijão, na Rússia e noutros países da ex-União Soviética, mas frisou que até nos estados democráticos da Europa Ocidental havia governos e patrões que estavam a enfraquecer as perspectivas do jornalismo de qualidade.
O comissário defendeu que era necessário fazer mais para promover o diálogo e o apoio a uma agenda de direitos que beneficiem tanto os trabalhadores dos média como o público que por eles é servido.
Posição idêntica revelou Lorenzo Consoli, presidente da Associação de Correspondentes Estrangeiros de Bruxelas, que denunciou a forma como as instituições europeias tentam influenciar o trabalho dos jornalistas, e criticou em particular os lobbyistas que fingem ser jornalistas e a mentalidade de jornalismo instantâneo de alguns patrões dos média, que não concedem o tempo necessário à investigação jornalística.
Outro dos oradores no encontro, o sindicalista britânico Leigh Phillips, apelou ao fim da escravatura laboral dos jovens que pretendem ingressar no jornalismo e que são contratados como estagiários, destacando também a necessidade de criar um muro de Berlim para impedir o esbater da fronteira entre as secções editoriais e comerciais dos órgãos de comunicação.
Em jeito de resumo do encontro, o secretário-geral da Federação Europeia de Jornalistas (FEJ), Aidan White, lançou um repto para que fossem criadas novas coligações em defesa do jornalismo, de condições de trabalho decentes e de média de qualidade, pois tal é bom para a própria democracia.
O referido encontro foi uma das muitas iniciativas que se realizaram na Europa no âmbito da campanha Levantem-se pelo Jornalismo, a qual recebeu mensagens de apoio de diversos quadrantes, de onde destacamos a posição do secretário-geral da Confederação Sindical Europeia, John Monks.
Quando os sindicatos de jornalistas se expressam de forma tão veemente, todos nós devemos ficar preocupados com a ameaça à democracia que enfrentamos. Empregos decentes e protecção no trabalho são condições essenciais para manter padrões elevados de liberdade de expressão, pluralismo e ética profissional, frisou aquele dirigente sindical.