Director da “Mais Alentejo” pode cumprir pena de prisão

António Sancho, o director da revista “Mais Alentejo”, pode ter de cumprir dois anos e meio de prisão por crime de abuso de liberdade de imprensa, na sequência de uma coluna satírica que publicou a 2 de Outubro de 1998.

Na altura, quando o “Mais Alentejo” ainda era um jornal, pois só se transformou em revista em 2000, o jornalista escreveu um texto em que alegadamente comentava o aspecto físico e psicológico, bem como detalhes da vida pessoal, de Maria Gabriela Silva, então delegada do Instituto do Emprego e Formação Profissional para o Alentejo.

Maria Gabriela Silva, que diz estar descrita no artigo como Dona Pureza, havia criticado publicamente o jornal no mês anterior, considerando-o de mau gosto e pouco sério. A responsável alega que, no mês seguinte, António Sancho resolveu gracejar em torno da sua figura na coluna “Então vá…”.

A visada apresentou queixa e ganhou a causa, e agora António Sancho corre o risco de se tornar o primeiro jornalista a cumprir pena de prisão efectiva no Portugal democrático por um crime de abuso de liberdade de imprensa.

Em declarações ao “Diário de Notícias”, o director da “Mais Alentejo” considerou tratar-se de “um exagero gritante” e afirmou tratar-se da “pena mais gravosa atribuída no País nos últimos 32 anos”, argumentando que a sua sátira não visava ofender ninguém em particular.

O jornalista, que recorreu da sentença – o pagamento de cerca de 15 mil euros a Maria Gabriela Silva ou a pena de prisão – não conseguiu mudar o veredicto, tendo apenas obtido uma prorrogação do prazo, de um ano para dois, para pagar a verba à ofendida.

Como o prazo está em vias de acabar e António Sancho diz não ter possibilidades de proceder ao pagamento, resta-lhe enfrentar a prisão efectiva.

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