Despedimento colectivo no “DN/Madeira” é injustificado

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) considera que não se justifica o despedimento colectivo iniciado pela Empresa do “Diário de Notícias” da Madeira no passado dia 30 de Julho, abrangendo uma dezena de jornalistas e outros três trabalhadores, e apela à opinião pública madeirense, aos actores sociais, políticos e económicos da Região para que se manifestem contra esta opção errada da Empresa.

Em comunicado divulgado hoje, 17 de Agosto, o SJ considera que o despedimento colectivo é “uma decisão injusta”, que não só “afecta gravemente o rendimento das famílias dos trabalhadores abrangidos e o futuro profissional nomeadamente dos jornalistas, face à manifesta escassez de oportunidades de alternativas de emprego na Região”, como “não tem fundamento, será prejudicial para a Empresa e afectará a qualidade do jornal”.

É o seguinte o texto, na íntegra, do comunicado do SJ:

Urgente impedir despedimento colectivo no DN-Madeira

1. Prosseguem, na próxima quarta-feira, as reuniões da fase de informações e negociações no âmbito do processo de despedimento colectivo iniciado pela Empresa do “Diário de Notícias” da Madeira no passado dia 30 de Julho, abrangendo uma dezena de jornalistas e outros três trabalhadores.

2. Prevista na lei como garantia formal de que os trabalhadores e a empresa podem e devem discutir a justeza da decisão e medidas alternativas, esta fase não deve servir para distrair a atenção dos restantes profissionais, dos jornalistas em geral e mesmo dos cidadãos nem escamotear os sérios problemas que a decisão em causa levanta.

3. Além de uma decisão injusta, que afecta gravemente o rendimento das famílias dos trabalhadores abrangidos e o futuro profissional nomeadamente dos jornalistas, face à manifesta escassez de oportunidades de alternativas de emprego na Região, a medida não tem fundamento, será prejudicial para a Empresa e afectará a qualidade do jornal.

4. A medida não tem fundamento porque as dificuldades económico-financeiras invocadas podem ser facilmente supridas. Tal como a Direcção Nacional do SJ sublinhou no seu comunicado do passado dia 8, a redução de custos obtida com medidas já implementadas ultrapassa largamente os resultados negativos verificados no ano passado.

5. Por outro lado, os accionistas, especialmente o Grupo Blandy (maioritário), possuem capacidade para sanear a empresa sem sacrificar postos de trabalho, sendo legítimo exigir que assumam a responsabilidade de injectar capital quando não deixaram de, em exercícios anteriores, proceder à distribuição de dividendos.

6. A medida será prejudicial para a Empresa e afectará a qualidade do jornal, porque se traduz na dispensa de praticamente um quarto da Redacção do DN-Madeira, ou seja, 22,2% do seu quadro redactorial no activo, e chega ao absurdo de pretender encerrar a secção de reportagem fotográfica.

7. Ao diminuir os seus quadros de forma tão drástica, o DN-Madeira vê fortemente em perigo a capacidade para responder com qualidade às necessidades e exigências dos seus leitores e para continuar a competir no mercado, risco este que pode afectar seriamente as receitas em venda de exemplares e de espaço publicitário.

8. Preocupada com a situação do DN-Madeira e com o seu futuro, a Direcção Nacional do SJ reitera a sua solidariedade para com os jornalistas abrangidos e para com a Direcção Regional do SJ e apela aos jornalistas e outros trabalhadores da empresa para que se mantenham unidos e não permitam a consumação do despedimento colectivo.

9. O SJ apela igualmente à solidariedade de todos os jornalistas, especialmente na Região Autónoma da Madeira, para com os seus camaradas de profissão no DN-Madeira, ajudando-os a resistir a esta ofensiva contra os direitos dos abrangidos e que põe em perigo o futuro dos restantes.

10. O SJ apela ainda à opinião pública madeirense, aos actores sociais, políticos e económicos da Região, para que se manifestem contra esta opção errada da Empresa, a qual, além de graves efeitos sociais, se traduzirá no risco de redução da qualidade do serviço prestado pelo jornal ao público, com prejuízo para os cidadãos. É necessário impedir este despedimento colectivo!

Lisboa, 17 de Agosto de 2009

A Direcção

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