Crise em “O Independente” preocupa SJ

A ameaça de extinção da editoria de fotografia do semanário “O Independente” preocupa o Sindicato dos Jornalistas (SJ), que em comunicado divulgado a 19 de Janeiro adverte para a necessidade de respeitar os direitos dos jornalistas e de encontrar soluções para a preservação da identidade do jornal.

Sublinhando que a sua prioridade é a de “velar para que sejam respeitados e acautelados os direitos, garantias e interesses dos profissionais em causa, o primeiro dos quais é o posto de trabalho”, o SJ alerta para o risco de poder estar em causa o próprio projecto editorial de “O Independente”.

O SJ receia, designadamente, que a extinção da editoria de fotografia de “O Independente”, a concretizar-se, em vez de “contribuir para inverter a situação”, como a Administração diz pretender, “acabe por agravá-la”, dado o desinteresse que a descaracterização da informação fotográfica poderá provocar nos seus leitores.

Convicto de que a situação do semanário “deve ser contida e invertida”, o SJ solicitou uma reunião com carácter de urgência à respectiva Administração, disponibilizando-se para contribuir para a resolução dos problemas que afectam o jornal.

É o seguinte o texto, na íntegra do comunicado do SJ

O SJ propõe reunião à Administração de “O Independente”

1. O Sindicato dos Jornalistas está a acompanhar atentamente a situação no semanário “O Independente”, visando defender os jornalistas, e em particular aqueles que trabalham na editoria de fotografia, ameaçada de extinção, tendo solicitado já à Administração uma reunião com carácter de urgência.

2. Além de velar para que sejam respeitados e acautelados os direitos, garantias e interesses dos profissionais em causa, o primeiro dos quais é o posto de trabalho, e de exercer as atribuições que lhe cabem neste domínio, o SJ entende tornar públicas algumas preocupações fundamentais.

3. O semanário “O Independente” tem desempenhado um papel no panorama da imprensa portuguesa enquanto expressão de um dos valores que os jornalistas mais prezam – a diversidade informativa – pelo que deve ser encarada com preocupação a situação em que se encontra.

4. Convicto de que a situação deve ser contida e invertida, respeitando os direitos e os interesses dos profissionais ao serviço do jornal, mas procurando igualmente acautelar o que considera serem direitos irrenunciáveis dos leitores, o Sindicato dos Jornalistas reafirma publicamente a sua disponibilidade para cooperar com os jornalistas de “O Independente” e com a sua Administração na resolução dos problemas que enfrentam.

5. O que está em causa, além dos direitos dos jornalistas eventualmente afectados com medidas como a prevista extinção da editoria de fotografia, é a identidade do jornal, quer se expresse pelo texto, quer pela fotografia.

6. Por mais legítima que possa ser a opção da empresa de dispensar um corpo próprio de fotojornalistas, mesmo discutindo-se em que condições usará o material de arquivo à sua guarda ou recorrerá à prestação ocasional de serviços externos (de freelances ou de agências), a verdade é que renunciará a uma componente que também distingue as publicações: a visão da realidade assinada pelos seus próprios fotojornalistas.

7. O Sindicato dos Jornalistas receia que a extinção da editoria de fotografia, ao invés de contribuir para inverter a situação de “O Independente”, como a Administração diz pretender, acabe por agravá-la, devido ao desinteresse que a descaracterização da informação fotográfica poderá provocar nos seus leitores.

Lisboa, 19 de Janeiro de 2005

A Direcção

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