Carta aberta aos acionistas mais antigos do GMG. É preciso mudar de rumo

A direção dos Sindicato dos Jornalista escreveu uma carta aberta aos acionistas minoritários do GMG exortando Marco Galinha, José Pedro Soeiro e Kevin Ho a pugnarem pela mudança de rumo do grupo. A 24 de dezembro, os colaboradores a recibos verdes não receberam o pagamento de outubro, os trabalhadores do quadro ficaram sem o Subsídio de Natal e 11 diretores demitiram-se do grupo.

O SJ entende que os acionistas maioritários, alguns presentes no grupo há vários anos, podem ter um papel importante na resolução dos problemas do GMG, começando por travar os ímpetos da atual Comissão Executiva, cuja atuação, entendemos, ameaça a estabilidade e futuro do GMG.

A carta:

“Exms. Srs. Marco Galinha, José Pedro Soeiro e Kevin Ho

É Natal e dezenas de colaboradores do Global Media Group (GMG) só têm algum conforto nesta época porque centenas de jornalistas, do próprio grupo e de todo o país, contribuíram com doações que permitiram a muitos ter comida na mesa. Prendas, nem sonhar! Entre as centenas de pessoas que contribuíram para este fundo solidário de apoio aos “recibos verdes”, que chegaram a 24 de dezembro sem os pagamentos que lhes eram devidos, estão muitas pessoas do GMG que não receberam o Subsídio de Natal, mas mesmo assim conseguiram fazer o esforço, entre as próprias dificuldades, de ajudar os que mais precisam – e são muitos, porque são precários há tantos anos e com tão pouco para viver.

A falta de pagamento aos “recibos verdes” é só mais um falhanço da administração nomeada pelo World Opportunity Fund (WOF) após a venda de mais de 50% das Páginas Civilizadas, que levou à entrada no GMG de uma nova Comissão Executiva (CE). Em três meses, a equipa liderada por José Paulo Fafe conseguiu falhar os pagamentos aos recibos verdes, falhar o pagamento do Subsídio de Natal e, ainda, pagar os salários sempre no último dia útil, e após pressões dos representantes dos trabalhadores, alguns dos quais receberam dias depois do prazo por dificuldades nas transferências bancárias. Uma liderança que levou, também, à demissão de 11 diretores do grupo, até uma diretora nomeada contra a vontade da redação, na TSF, e a um diretor geral do GMG.

O Sindicato dos Jornalistas olha com grande preocupação o que se está a passar no GMG e encara com apreensão e desconfiança a atuação da administração nomeada pelo World Opportunity Fund, que quando chegou anunciou que vinha para investir e fazer crescer. Mas em menos de um mês anunciou que pretende dispensar cerca de 200 trabalhadores, mais de um terço do total, ferindo de morte, no nosso entender, as várias marcas do grupo, como o “Jornal de Notícias”, o “Diário de Notícias”, a TSF, o desportivo “O Jogo”, a Global Imagens e as várias revistas. A concretizar-se, esta machadada poderá debilitar, de forma irreversível, o próprio GMG, que Marco Galinha, José Pedro Soeiro e Kevin Ho ajudaram a manter, e que parecia estar no bom caminho.

O SJ estranha as várias declarações públicas do atual CEO, que insiste em falar de “falência” e desvaloriza as marcas e o GMG. E aponta também às administrações anteriores, nomeadamente, ao dizer que o cenário atual de dificuldades económicas graves foi descoberto em análise e auditorias feitas nos últimos três meses, isto é, depois de entrarem na empresa. Que pretendem insinuar? Que alguém lhes mentiu ou ocultou dados? Não houve auditorias antes? Compraram sem saber o real estado das contas do GMG?

Estamos certos que a experiência e a sabedoria que permitiram a Marco Galinha, José Pedro Soeiro e Kevin afirmar-se como empresários de sucesso não se coadunam com esta gestão errática, que só destrói valor e desvaloriza o GMG. Incrédulos com as atitudes da atual administração, ousamos escrever aos acionistas mais antigos do GMG e questioná-los relativamente a três pontos que consideramos essenciais:
1. Estão ao corrente e tem acompanhado os atos desta gestão?
2. Em caso afirmativo, dão aval a esta estratégia?
3. Sentem que a CE atual os está a tentar responsabilizar para mistificar incapacidades próprias?

Apelamos a Marco Galinha, José Pedro Soeiro e Kvin Ho que olhem com atenção para as ações da atual administração e que, enquanto acionistas do grupo e homens que nos últimos anos conduziram os destinos do GMG, façam o que estiver ao vosso alcance para que seja abandonado este caminho, que, no nosso entender, poderá pôr em causa todo o grupo e o próprio investimento, esforço e energia que os senhores fizeram ao longo dos anos no Global Media Group.

Acreditamos que pelo tempo e energia que deram a este projeto e pelo capital que aqui têm investido, sabem melhor do que nenhum de nós as consequências que esta gestão aparentemente errática pode ter para o GMG, um dos mais importantes grupos no panorama mediático nacional e que o SJ considera fundamental preservar e reforçar – não destruir, como está a acontecer.

Votos de um Feliz Natal e de um ano de 2024 com um GMG melhor administrado.
Com os melhores cumprimentos,

A direção do Sindicato dos Jornalistas”

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