Ataques a fontes de informação preocupam FIJ

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) está preocupada com os ataques crescentes de governos ocidentais aos órgãos de comunicação e às suas fontes, como forma de tentarem esconder acções ou declarações potencialmente ilegais ou prejudiciais levadas a cabo pelas autoridades.

“É inaceitável ver países como os Estados Unidos, o Reino Unido e a Dinamarca a tentar intimidar e amordaçar o jornalismo independente, enquanto outros, como a Alemanha ou a Holanda, são apanhados a espiar os média e a escutarem os telefones dos jornalistas”, afirmou Aidan White, secretário-geral da FIJ.

Nos últimos meses, a “luta contra o terrorismo” tem sido usada para justificar vários ataques ao jornalismo de investigação em países que, supostamente, são modelos de democracia, mas que com estas práticas repressivas privam a sua população de direitos básicos, sobretudo do direito a saber o que o seu governo está a fazer.

Um dos casos mais recentes envolve o “New York Times”, que enfrentou duras críticas do presidente George W. Bush e de outros membros do Partido Republicano por ter exposto detalhadamente a forma como os serviços de segurança norte-americanos monitorizam centenas de milhares de transações bancárias internacionais.

No Reino Unido, soube-se durante o fim-de-semana que o governo planeia fortalecer as leis de segredo oficial, impedindo que os funcionários públicos com acesso a informação sensível possam alegar que actuam no interesse público quando expõem actos contestáveis praticados pelo governo.

Na Dinamarca, os jornalistas Michael Bjerre e Jesper Larsen, do “Berlingske Tidende”, enfrentam até dois anos de prisão por terem noticiado em 2004 que o governo dinamarquês tinha apoiado a invasão do Iraque apesar de saber que não havia provas concretas da existência de armas de destruição massiça.

Estas acções, a par das notícias de que os serviços secretos holandeses colocaram sob escuta os telefones de jornalistas e de que na Alemanha foram introduzidos espiões nas redacções para impedir fugas de informação para a imprensa, levantam suspeitas de um esforço concertado no Ocidente para silenciar vozes dissidentes no seio dos governos e impedir os jornalistas de expor ilegalidades.

Por fim, o secretário-geral da FIJ afirma que se os Estados Unidos e a Europa querem liderar a luta pela democracia no mundo devem fazê-lo “dando o exemplo”, pois o tipo de pressões que estão a exercer sobre os jornalistas apenas favorece os inimigos da liberdade de imprensa e dos governos transparentes.

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