Apelo a Obama para defender a liberdade de imprensa

O Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) pediu ao novo presidente norte-americano, Barack Obama, que assuma um compromisso de defesa da liberdade de imprensa e acabe com a prática das Forças Armadas do seu país de deter profissionais dos meios de comunicação social.

“Para reafirmar a nossa autoridade moral, primeiro temos de pôr a casa em ordem”, afirmou na carta enviada a Obama o presidente do CPJ, Paul E. Steiger, chamando a atenção para os jornalistas detidos por tropas dos EUA e apelando à investigação exaustiva dos casos em que profissionais dos média morreram devido a fogo militar norte-americano.

A organização recordou que, desde 2003, as forças do EUA no Iraque estiveram envolvidas na morte de pelo menos 16 jornalistas e por ferimentos graves em muitos outros, e considerou que as 14 detenções por períodos prolongados e sem o devido processo legal levadas a cabo pelos militares norte-americanos “podem ter contribuído para o aumento global de jornalistas presos”.

“Esta prática viola o próprio compromisso das forças militares dos EUA de analisar os casos de jornalsitas nas primeiras 36 horas de detenção”, lembrou Steiger, considerando que a postura norte-americana “encorajou os muitos tiranos que procuram pretextos ou justificação para colocar jornalistas críticos na prisão” em países aliados ou amigos dos Estados Unidos, como o Azerbaijão, o Egipto, a Etiópia, Marrocos ou o Paquistão.

Por fim, o CPJ alertou Obama para aquelas que considera as duas maiores ameaças à liberdade de imprensa: a elevadíssima impunidade para os assassinos de jornalistas em todo o mundo (em 90 por cento dos casos os criminosos não são punidos) e a detenção de jornalistas pelo exercício da profissão (havia 125 jornalistas presos em Dezembro de 2008).

“Não é demais enfatizar a importância da defesa resoluta da liberdade de imprensa por parte de Washington nesta altura de repressão, censura e ataques crescentes aos jornalistas. Encorajo-o a fazer da liberdade de imprensa parte integrante da política interna e externa”, disse Paul E. Steiger, dirigindo-se a Obama.

A terminar a missiva, o presidente do CPJ citou Thomas Jefferson, um dos primeiros presidentes norte-americanos: “A nossa liberdade depende da liberdade da imprensa, e essa não pode ser limitada sem se perder”.

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