A direção do Sindicato dos Jornalistas reuniu-se, na segunda-feira, com o secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim. Foi discutida a situação no setor e os principais problemas do jornalismo, dos quais se destacam a precariedade, os baixos salários e a crise que começa a dar sinais de ser estrutural na comunicação social, ameaçando a sustentabilidade das empresas e o jornalismo.
O secretário de Estado reiterou o compromisso do Governo com políticas públicas de financiamento dos media, na esteira do que já tinham dito publicamente o primeiro-ministro, Luís Montenegro, que considera todo o jornalismo como serviço público e por isso deve ser apoiado, e o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, que num encontro, em junho, tinha garantido que na visão do Governo o Estado tem de ter um papel ao nível da sustentabilidade do jornalismo.
A tutela fez saber ao SJ que está a ultimar dois os planos para o setor: um ao nível da literacia, do qual é já conhecida a inclusão da disciplina de literacia no programa curricular de oito escolas, focado em combater a desinformação e criar novos públicos; e um plano para os media, que passa por valorizar a profissão, apoiar a empregabilidade e atacar a crise profunda da Comunicação Social, por considerar que sem jornalismo não há Democracia.
Carlos Abreu Amorim explicou que as medidas vão ser apresentadas em data a definir, algumas para aplicar em breve e outras para aplicar de forma mais estendida no tempo, não só porque estão a ser ouvidos vários atores do setor, mas também porque a viabilização das propostas depende de mais do que um ministério, envolvendo, por exemplo, Finanças, Trabalho e a Modernização.
A direção do SJ exortou o Governo a condicionar a atribuição de apoios públicos ao cumprimento das convenções coletivas de trabalho, sinalizando que o não cumprimento dos contratos coletivos é uma violação da lei. Na opinião do Sindicato, algumas das medidas gizadas auguram potencial para ter um efeito positivo no setor, tanto para jornalistas como empresas, enquanto outras, globalmente positivas, carecem de afinação.
O Sindicato dos Jornalistas entregou, em mão, um documento com as principais medidas que considera urgentes para fazer face aos problemas mais imediatos, tanto para jornalistas, como para empresas e cidadãos. Num encontro que decorreu num clima cordial e direto, Carlos Abreu Amorim revelou conhecimento da situação atual do setor, que tutela, considerando que a profissão de jornalista sofre com a crise atual.
O secretário de Estado considerou o SJ uma das entidades prioritárias a ouvir no âmbito destes planos, tendo ficado assente que as conversações vão prosseguir. O Sindicato dos Jornalistas, que havia já enviado à tutela, primeiro, e a todos os grupos parlamentares, depois, uma série de propostas para o setor, disse estar disponível para aprofundar esses temas e sinalizou que vai enviar sugestões também sobre o plano para a literacia mediática.