Ameaça de despedimento no “Expresso”

Entre 15 a 20 trabalhadores do “Expresso”, incluindo um número indeterminado de jornalistas, estão sob ameaça de despedimento. O Sindicato dos Jornalistas (SJ) denuncia a situação e rejeita mais esta tentativa de redução forçada de custos para aumentar os lucros.

Em comunicado divulgado hoje, 8 de Novembro, o SJ sublinha que nada justifica esta operação de “emagrecimento”, aparentemente disfarçada de rescisões por “mútuo acordo” mas na verdade mediante a “ameaça de recorrer a processos de despedimento colectivo ou de extinção de postos de trabalho”.

Com efeito, no terceiro trimestre deste ano o Grupo Impresa comunicou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) um novo aumento de lucros para 2,1 milhões de Euros, o que representa um aumento de 728,5% em relação ao período homólogo do ano passado. O resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) cresceu para 17,9 milhões de euros, sublinha o SJ, fazendo notar que “já o EBITDA do primeiro semestre mostrara um crescimento de 53,7% comparado com o de 2009”.

Exigindo à Administração da Impresa que “suspenda os despedimentos”, o SJ manifesta “pública solidariedade para com todos os jornalistas e outros trabalhadores ao serviço do Grupo” e “apela à sua unidade resistindo a mais esta ofensiva contra o seu direito ao trabalho”.

É o seguinte o texto, na íntegra, do Comunicado do SJ:

SJ repudia despedimentos no “Expresso”

1. A Administração do semanário “Expresso” comunicou hoje a intenção de despedir entre 15 a 20 trabalhadores – incluindo um número indeterminado de jornalistas – ao serviço do jornal, numa operação de redução forçada de custos para aumentar os lucros.

2. De acordo com as informações disponíveis, a empresa pertencente ao Grupo Impresa, pretende realizar rapidamente a operação de emagrecimento, aparentemente através de abordagens selectivas aos trabalhadores para rescisões por “mútuo acordo”, mediante a ameaça de recorrer a processos de despedimento colectivo ou de extinção de postos de trabalho.

3. O Sindicato dos Jornalistas (SJ) repudia veementemente tal método, por ofensivo da dignidade dos trabalhadores seleccionados e catalogados como dispensáveis, e contesta claramente a necessidade de redução de efectivos.

4. De facto, ainda no final de Outubro, o Grupo Impresa comunicou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) um novo aumento de lucros para 2,1 milhões de Euros no terceiro trimestre deste ano, representando um aumento de 728,5% em relação ao período homólogo do ano passado, enquanto o resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) cresceu para 17,9 milhões de euros. Já o EBITDA do primeiro semestre mostrara um crescimento de 53,7% comparado com o de 2009.

5. Analisados os resultados dos últimos três trimestres comunicados à CMVM, verifica-se que as receitas globais da Impresa têm crescido e que as vendas de publicações e de produtos associados têm registado igualmente aumentos, nalguns casos significativos, ao mesmo tempo que o Grupo assegura aos investidores bolsistas o seu esforço de contenção de custos.

6. O SJ compreende a racionalização de custos e a busca de eficácia do desempenho das empresas, mas não aceita que os trabalhadores sejam sacrificados em operações de emagrecimento de quadros para crescimento dos lucros.

7. Já nos resultados do exercício de 2009 a Impresa se gabava de ter “cumprido integralmente os seus objectivos de regresso aos lucros, do corte de custos e de redução da dívida. E, de facto, só no sector de publicações (Impresa Publishing), onde o EBITDA aumentou 97,2%, os custos com pessoal baixaram 14,2%, depois de em 2008 ter gasto 7,3 milhões de euros com indemnizações.

8. O SJ manifesta pública solidariedade para com todos os jornalistas e outros trabalhadores ao serviço do Grupo, apela à sua unidade resistindo a mais esta ofensiva contra o seu direito ao trabalho e exige à Administração da Impresa que suspenda os despedimentos.

Lisboa, 8 de Novembro de 2010

A Direcção

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