Alípio de Freitas homenageado no Porto

Núcleo do Norte da Associação José Afonso vai promover, esta sexta-feira, a exibição de documentários sobre o jornalista, antifascista e lutador contra a ditadura militar e a opressão no Brasil.

Alípio de Freitas, falecido com 88 anos no passado dia 13, vai ser alvo de nova homenagem, esta sexta-feira, desta vez promovida pelo Núcleo do Norte da Associação José Afonso (AJA Norte). Desta vez serão exibidos documentários sobre a vida do jornalista, antifascista e lutador contra a ditadura militar e a opressão no Brasil.

Será a partir das 21h30, na sede da AJA Norte, localizada na rua do Bonjardim, 635, 1º traseiras e a entrada é livre. A animação musical cabe a Ana Ribeiro.

Nascido em Bragança, a 17 de fevereiro de 1929, seria ordenado padre em 1952, antes de passar cinco anos em convivência com comunidades de pobres na serra de Montesinho. Seguiu-se a viagem para o Brasil, por convite do arcebispo do Maranhão, onde, além de criar estruturas de apoio social aos mais desfavorecidos, começou a dar aulas na Universidade.

Só após a passagem por Moscovo, em 1962, como participante num Congresso Mundial da Paz onde marcaram presença, entre outros, Pablo Neruda e La Pasionaria, se demarcou da igreja e, por causa do apoio a Miguel Arraes como candidato a liderar o estado de Pernambuco, foi preso durante mais de um mês. Naturalizou-se brasileiro, criou as Ligas Camponesas, participou em ocupação de terras e, em função do golpe militar de 1964, pediu asilo político no México, tendo ainda vivido em Cuba.

Dois anos mais tarde regressou ao Brasil sem que o governo se apercebesse, dinamizando o movimento dos camponeses. Já era dirigente do Partido Revolucionário dos Trabalhadores quando, em 1970, a polícia voltou a prendê-lo, desta vez agravando a sua detenção com a aplicação de torturas como choques elétricos.

No álbum “Com as minhas Tamanquinhas”, editado em 1976, Zeca Afonso dedica-lhe uma música com o seu nome. Seria libertado somente em 1979 e, depois de ter passado por quase dez estabelecimentos prisionais, escreveu “Resistir é Preciso”, tornando-se apátrida.

Viajou rumo a Moçambique em 1981, de novo como apoiante de camponeses e é também da década de 80 a sua entrada na RTP, empresa em que permaneceu até 1994. Entre outras coisas, ao lado de nomes como Carlos Pinto Coelho, Mário Zambujal e José Nuno Martins, ajudou a concretizar o programa Fim-de-Semana.

Co-fundador da Casa do Brasil em Lisboa, membro da Comissão Coordenadora do Tribunal Mundial sobre o Iraque (audiência portuguesa), Alípio de Freitas deu aulas de Economia Política e presidiu à direção da Associação José Afonso, instituição de que é um dos fundadores.

Problemas de saúde afetaram-lhe a visão, mas Alípio de Freitas foi mantendo o apoio a causas sociais, colaborando com os mais pobres em diversas vertentes.

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