Situação no RCP preocupa SJ

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) está preocupado com a anunciada intenção da administração da Média Capital Rádios de despedir 36 trabalhadores e encerrar o RCP, considerando que tal medida não pode ser aceite.

Em comunicado hoje divulgado e que a seguir se transcreve na íntegra, o SJ estranha a forma como a decisão foi transmitida aos trabalhadores, em moldes que configuram uma tentativa de despedimento colectivo ilegal, e lembra os resultados apresentados pelo grupo, que arrecadou nos primeiros três meses do ano receitas de 2,6 milhões de euros (mais 5 por cento que no primeiro trimestre de 2009).

SJ preocupado com situação no Rádio Clube Português

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) acompanha com preocupação a situação que se está a viver no Rádio Clube Português (RCP) após o anúncio, feito esta tarde pela administração da Media Capital Rádios, da intenção de encerrar a estação no próximo domingo e de despedir 36 trabalhadores.

A decisão foi comunicada aos trabalhadores sem outra explicação para além da alegada “inviabilidade económica de um projecto tecnicamente complexo e dispendioso”, e remetendo para uma reunião a realizar amanhã “com os advogados da empresa” todas as questões relativas à “dispensa” de pessoal.

Este estranho procedimento, que a confirmar-se configura uma tentativa de despedimento colectivo ilegal, é tanto mais incompreensível quanto, de acordo com os seus resultados divulgados na imprensa, o grupo arrecadou nos primeiros três meses do ano receitas de 2,6 milhões de euros (mais 5 por cento que no primeiro trimestre de 2009), tendo os custos diminuído 2 por cento, para 3 milhões. A empresa afirmava então que “o processo de optimização de redes de emissão entre o Rádio Clube e a M80” decorria “de forma bastante positiva”, e dizia esperar que tal se continuasse a repercutir “de forma materialmente favorável nas audiências e proveitos de publicidade”.

Acresce que a administração do grupo apresenta o encerramento da Rádio Clube como uma “decisão isolada”, garantindo que a MCR “irá continuar a apostar no desenvolvimento dos restantes projectos desta unidade de negócio”.

Uma tal afirmação é um motivo acrescido para repudiar o despedimento colectivo, visto que os “diferentes projectos” funcionam de facto em conjunto, ao ponto de terem uma administração comum constituída pelos mesmos gestores, de estarem instalados no mesmo local e de partilham entre si espaços, estruturas, serviços e trabalhadores. E tanto assim é que várias das rádios do grupo têm um director-geral comum; têm a mesma directora de multimédia; têm o mesmo director de informação; têm o mesmo secretariado; para além de partilharem trabalhadores nas áreas do design, programação, direcção comercial, trânsito, jornalistas e técnicos.

No caso concreto da informação, a escala de serviço é comum para as diversas estações, havendo jornalistas que trabalham para mais do que uma, para além de ser comum a reutilização de trabalhos pelas diferentes estações. Numa palavra, os trabalhadores formalmente pertencentes a cada uma das empresas encontram-se numa situação de pluralidade de empregadores que não foi reduzida a escrito.

Assim, o SJ considera que a decisão de encerrar o RCP e despedir 36 trabalhadores não pode ser aceite, pelo que vai continuar a bater-se em defesa dos direitos dos trabalhadores, garantindo aos seus associados o devido apoio.

Lisboa, 8 Julho de 2010

A Direcção

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