Na morte de António de Figueiredo

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) tomou conhecimento com profundo pesar do falecimento do jornalista António de Figueiredo, de 77 anos, ocorrido a 30 de Novembro em Londres, cidade onde se encontrava exilado desde 1959.

Nascido a 18 de Março de 1929, na Figueira da Foz, António de Figueiredo iniciou o seu percurso jornalístico no Rádio Clube da Beira, no fim da década de 1940, tendo sido ainda colaborador do diário “Notícias” de Lourenço Marques (actual Maputo).

Com 19 anos integrou o comité de apoio à candidatura do General Humberto Delgado às eleições presidenciais e as suas actividades de resistência ao regime valeram-lhe uma detenção pela PIDE em Moçambique, em Janeiro de 1959, sendo depois enviado para a sede da polícia política em Lisboa.

Conseguiu no entanto fugir para Londres, onde o governo britânico lhe concedeu asilo político, e começou a colaborar com vários jornais ingleses, de onde se destaca o “The Guardian”. Em 1965 torna-se responsável do serviço de crónicas da BBC para África, cargo que ocupou até 2006.

Em 1992 o governo português galardoou-o com uma pensão por Mérito Cultural e fê-lo Grande Oficial da Ordem da Liberdade. Por terras inglesas, António de Figueiredo tornou-se, em 2000, vice-presidente honorário da Sociedade da Espondilose Anquilosante (NASS), em reconhecimento pelos artigos que escreveu acerca da sua experiência pessoal de mais de 50 anos como portador dessa ainda incurável doença.

Autor de vários livros e de inúmeros ensaios e artigos em português e inglês, como comentador político e historiador contemporâneo, o “último exilado do regime de Salazar”, como lhe chamou Iva Delgado, deixou no prelo uma obra intitulada “O Último Exilado” que será publicada a título póstumo.

A Direcção do SJ apresenta as mais sentidas condolências aos familiares e amigos do camarada de profissão agora desaparecido.

Partilhe