“Um cidadão-jornalista nunca pode substituir um verdadeiro jornalista”

O responsável da agência económica Bloomberg na China, Eugene Tang, defendeu em Pequim, no âmbito da Cimeira Mundial dos Média, que, “na era da Internet, qualquer pessoa com uma câmara e um telemóvel pode ser jornalista”.

Eugene Tang falava perante responsáveis de 170 órgãos de informação que estiveram reunidos a 9 e 10 de Outubro para analisar os desafios e oportunidades que a era do digital e do multimédia coloca aos meios tradicionais: agências noticiosas, jornais, estações de rádio e de televisão.

A posição expressa por Tang – de que os jornalistas são uma classe condenada a curto prazo – foi rebatida pelo presidente da agência noticiosa alemã DPA, para quem “um cidadão-jornalista nunca pode substituir um verdadeiro jornalista”.

“Quando temos um problema em casa procuramos um canalizador profissional e não um cidadão-canalizador”, comparou Malte von Trotha.

Ainda segundo Eugene Tang, a grande maioria ou mesmo a totalidade dos jornais norte-americanos corre risco de extinção nas próximas duas décadas, devido ao rápido desenvolvimento dos novos média.

O futuro da imprensa foi também focado pelo presidente da agência noticiosa japonesa Kyodo, Satoshi Ishikawa, segundo quem o declínio dos jornais no Japão “não tem sido tão acentuado como noutros países”, talvez porque quase 100 por cento das tiragens da imprensa é entregue no domicílio, em lugar de estar à venda nas bancas.

Ainda assim, reconheceu Satoshi Ishikawa, as receitas publicitárias diminuíram 9,7 por cento no primeiro semestre deste ano, havendo cada vez menos jovens a ler jornais.

A Cimeira Mundial dos Média foi uma iniciativa da agência noticiosa oficial chinesa Xinhua (Nova China), com o apoio de oito grandes empresas mundiais do sector, caso da BBC, da Reuters, da Time Warner e da News Corporation.

Participaram na iniciativa o presidente da agência Lusa, Afonso Camões, e representantes de três outros países lusófonos, Brasil, Angola e Moçambique.

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